São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Fôlego tão necessário

SAMIR DICHY

Até o final do ano, cerca de R$ 1 bilhão deve estar circulando no crédito imobiliário
Os primeiros dois meses do real sinalizam um aquecimento do mercado imobiliário para o restante do ano, caso a inflação permaneça baixa.
Os dados sobre o aumento das consultas visando a compra de imóveis revelam que o consumidor está voltando a investir no segmento, confiante na estabilização da economia e da moeda.
Em uma época de taxas nominais tão pequenas para as aplicações financeiras e distante das altas taxas ilusórias alcançadas anteriormente, a aplicação de recursos nos bancos não se justifica mais e a compra de um imóvel apresenta-se como uma boa opção mesmo para quem só quer multiplicar o capital.
Esse é um caminho, certamente, para as pessoas que desejam proteger ou ganhar dinheiro não a partir dos ativos do mercado financeiro, mas de outras opções que garantam retorno.
Nesse caso, o lucro previsto pode ser de até 50% em um empreendimento comercializado pelo sistema de preço de custo, por exemplo.
Para aqueles que pretendem adquirir o primeiro imóvel ou trocar o atual por um mais amplo e em melhores condições, as expectativas são igualmente animadoras.
Até o final do ano, cerca de R$ 1 bilhão deve estar circulando na área de crédito imobiliário, de um total de R$ 1,3 bilhão que alguns bancos destinarão à casa própria em 94, segundo entidades do setor.
Isso representa o financiamento de 20 mil a 30 mil operações, principalmente junto à pessoas físicas, que podem escolher entre uma casa ou apartamento, novo ou usado.
Os analistas alertam, entretanto, que esta possibilidade somente se concretizará, caso os recursos das cadernetas de poupança se mantenham estabilizados, como vem ocorrendo.
Se os apelos para conter a demanda forem atendidos e o consumidor prosseguir implementando os saldos das cadernetas, os prognósticos são favoráveis.
Outras medidas de incentivo são necessárias para ativar o segmento –como a reestruturação do Sistema Financeiro de Habitação. Porém, estão atreladas a fatores mais políticos do que econômicos, já que o setor da construção civil depende muito do Estado, nos níveis federal, estadual e municipal, em razão dos financiamentos.
Até o momento, o mercado se mantêm fortalecido, confiante, e se comporta sem se deixar influenciar pela agitação decorrente da campanha eleitoral.
Trata-se de uma conjuntura que pode alterar-se em algumas circunstâncias, como o resultado de pesquisas, capazes de gerar ansiedade e nervosismo aos agentes financeiros.
Pela quantidade de lançamentos de novos empreendimentos já realizados neste ano, as perspectivas são otimistas para 94.
Vale lembrar, que o mercado imobiliário é altamente estimulador do processo produtivo como um todo. Além de ampliar a oferta de moradias, também cria empregos, fazendo girar a economia.
Cumpre, portanto, uma função social importantíssima para fazer crescer o país no seu verdadeiro potencial.

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