São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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CNPq pede voto para PSDB do Ceará

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Pesquisas), Lindolpho de Carvalho Dias, está enviando carta a professores das universidades públicas do Ceará com pedido de votos para candidatos do PSDB no Estado.
A Agência Folha teve acesso ao documento de autoria de Dias para um professor da Universidade Federal do Ceará.
Na carta, o presidente do CNPq pede apoio aos candidatos Ariosto Holanda (deputado federal), Sérgio Machado (senador) e Tasso Jereissati (governo do Estado). Todos são tucanos.
A legislação eleitoral proíbe o uso ou qualquer tipo de ajuda de órgãos públicos em campanhas eleitorais.
O CNPq é o principal órgão do governo federal para financiamento de pesquisas e atividades científicas. Muitos dos trabalhos desenvolvidos por professores universitários dependem de financiamento do conselho.
A Agência Folha apurou que as cartas foram enviadas para professores de vários departamentos das universidades federal e estadual do Ceará.
No documento, Arisoto Holanda e Sérgio Machado são citados como parlamentares que vêm "tendo uma importante contribuição para as questões relativas à política científico-tecnológica e educacional em nosso país".
Ontem, Machado e Holanda faziam campanha em Crato e Itaiçaba, interior do Ceará, e não foram encontrados. Jereissati disse que a carta "é um ato unilateral" de Dias e que cabe a ele justificá-la.
A chefe do gabinete do CNPq, Eliete Santiago, disse que a carta é "um reconhecimento ao trabalho destes políticos na defesa da ciência e da tecnologia do país".
Segundo ela, cartas semelhantes já recomendaram o voto para a deputada Irma Passoni (PT-SP) e Luiz Salomão (PDT-RJ).
A petista negou o uso da carta com a recomendação de voto e criticou a iniciativa de Dias. "Assinar a carta como presidente do CNPq foi um erro".
Salomão afirmou que o presidente do CNPq e três reitores de universidades do Rio assinaram manifes em apoio ao seu nome.
"Foi meu professor e é um militante de uma causa, a ciência e tecnologia, não de partidos políticos", declarou Salomão.
Ontem o advogado do PT no Ceará, Deodato Ramalho, entrou com um pedido de investigação eleitoral sobre a carta.

Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal do Rio

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