São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Como é calculado o número mais temido

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Em agosto, o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), uma das taxas de variação da inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, cravou 3,34%.
O número foi calculado no dia 8 de setembro, em uma sala com dois computadores do 9º andar do prédio da FGV, na praia de Botafogo, no Rio. Já passava das 17h30 e o mercado financeiro havia encerrado seu expediente.
Paulo Sidney Cota, chefe do Centro de Estudos de Preços, Luiz Elias Marcelino, coordenador do IPC, Elivaldo Conceição, coordenador do IPA e Hélio Viana, analista de sistemas, não demoraram mais que dez minutos para alimentar o computador com os dados.
Logo depois, os 3,34% estavam sendo despejados via fax para instituições e jornais. Na sexta-feira, chegaram aos cidadãos comuns.
Dentre os cinco índices gerais de preços calculados pela fundação – IGP-DI, IGP-M, IGP-10, IGPI-URV e IGP2-URV–, o primeiro é registrado desde 1944.
Tanto na fórmula quanto nos meios de verificação dos preços, o IGP-DI não difere dos demais. O que o distingue é seu período de coleta, de 1º a 30 de cada mês, e a divulgação gratuita.
O IGPI-URV, IGP2-URV e IGP-10 são calculados para o Banco Central, a um custo anual de R$ 120 mil. O IGPP-M é pago pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto).
Para chegar ao IGP, o Ibre antes calcula o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Índice de Preços no Atacado (IPA) e Índice Nacional da Construção Civil (INCC) e a Pesquisa de Orçamento Familiar.
No total, 146 mil preços são coletados por uma tropa de 80 donas-de-casa e 35 funcionários.
Há dez anos, Eliana de Castro Magalhães, 46, dedica suas quintas-feiras à tarefa de percorrer feiras e supermercados no bairro de Ramos, na zona norte do Rio.
"Quando percebo remarcação exagerada, chamo o gerente e só pergunto se está correto", diz Eliana que recebe R$ 51 por mês.
Hábitos de consumo
Nos gastos de uma família brasileira, qual produto pesa mais: óleo de cozinha ou avelãs? Detergente ou limpador de pratas?
Os hábitos de consumo das pessoas mudam com o passar do tempo. Se elas deixarem de lado o arroz com feijão e adotarem pratos à base de peru com aspargos ocorrerá variações nos índices.
Para verificar o peso de cada produto nos gastos dos brasileiros, o Ibre organiza periodicamente a Pesquisa de Orçamento Familiar.
O último levantamento ocorreu entre 92 e 93. Cerca de 90 pesquisadores entrevistaram 2.200 famílias no Rio e 2.600 em São Paulo.
Dessa vez, a pesquisa incluiu outros três questionários, além da lista de cerca de 1.200 produtos, com perguntas sobre o perfil da família, locais de compra e marcas.
"Queremos aproveitar a pesquisa para obter dados de interesse para empresas", afirma Julian Chacel, 66, diretor do Ibre.
(DCM)

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