São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Grávida ataca médicas em PS da zona oeste

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas ginecologistas foram agredidas a socos e pontapés por uma paciente grávida no último domingo, às 23h30, no pronto-socorro do Hospital Geral de Parada de Taipas (zona oeste), que pertence à rede pública estadual.
Na hora da agressão, não havia seguranças no hospital, que fica em um dos bairros mais violentos de São Paulo.
Uma das médicas, Ana Helena de Toledo Ferreira, 30, pediu demissão ontem. Ela teve a gengiva e o lábio cortados por um soco e corre o risco de perder um dente.
A outra médica, Denise Cogo Novaes, 30, teve escoriações. Elas registraram a agressão na delegacia do bairro (74º DP).
O boletim de ocorrências registrado na delegacia afirma que o problema começou quanto a paciente Adriana Medeiros, 26, grávida de quatro meses, chegou ao hospital amparada pelo marido e reclamando de dores. "Nós a atendemos assim que chegou. Mas ela estava descontrolada", diz Denise.
Segundo Ana Helena, ela desconfiou que a paciente estivesse bêbada. "Eu disse isso para a outra médica e a paciente ouviu. Nesse momento, ela pulou da cama e me acertou um soco na boca."
Denise afirma que no momento da agressão lembrou do caso da também ginecologista Maria Emília Vieira, que foi assassinada a facadas por um paciente em julho deste ano, em João Pessoa (PB).
Depois de lutarem com a paciente por cerca de oito minutos, as médicas conseguiram pedir socorro e os enfermeiros prenderam a mulher em uma maca. "Os pacientes disseram que não entraram na sala porque acharam que ela estava dando à luz", diz Denise.
Segundo elas, a segurança do hospital é feita por uma empresa contratada, que mantém um plantão irregular no local. "A direção do hospital deveria pelo menos avisar quando não há seguranças prédio", afirma Denise.
As duas médicas trabalham no hospital apenas nos fins-de-semana, como plantonistas, e ganham R$ 515,00 por mês.
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde informou ontem que não encontrou o diretor do hospital, Élcio Bossebom da Silva, para explicar por que não havia seguranças no local.
No hospital, os médicos informaram à Folha que só Bossebom poderia falar sobre o incidente.

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