São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Brasileira luta para barrar controlistas

HÉLIO SCHWARTSMAN
DO ENVIADO ESPECIAL

Barrar os controlistas. Assim a demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, define sua missão com a delegação brasileira no Cairo.
Para a pesquisadora, sempre que se traçam metas de redução do crescimento da população em sociedades sem fluxos migratórios significativos como o Brasil, passa-se por cima de direitos e garantias individuais das pessoas, principalmente as mulheres.
Nesse ponto, Elza está satisfeita com o documento que ajudou a produzir nas reuniões preparatórias à Conferência do Cairo.
Afinal, o Plano de Ação fez referência aos direitos reprodutivos (a liberdade de casais e indivíduos de decidir livremente como, quando e com que espaçamento ter filhos) e repete algumas dezenas de vezes que métodos coercitivos de planejamento familiar não devem ser utilizados.
A pesquisadora diz que o documento do Cairo é o primeiro texto internacional a afirmar a existência dos direitos reprodutivos.
Para Elza, a única forma "humana" de diminuir as taxas de crescimento populacional é através do que, no Cairo, chama-se "empowerment of women" ou, para o Itamaraty, "promoção da condição da mulher".
Quando as mulheres têm acesso a educação e informação sobre como evitar filhos, elas começam a ter menos filhos.
Segundo a pesquisadora, isso se deve, basicamente, à maior urbanização da população e às lentas melhorias nos sistemas de seguridade social em todo o planeta.
Quando as pessoas se mudam do campo para a cidade e quando começam a contar com aposentadoria paga pelo Estado, já não têm necessidade de muitos filhos para sustentá-las na velhice.
Elza, pelo menos aqui no Cairo, cotada como possível ministra num eventual governo Fernando Henrique Cardoso, admite que, se seus amigos e colegas FHC e Ruth Cardoso pedirem, não poderia recusar algum auxílio.

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