São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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FHC periga virar o rei de todos os tapuias

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Será que ninguém se toca de que a vitória de Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno está longe de ser a décima maravilha do mundo?
Gente! O PSDB vai levar os dois cargos administrativos mais importantes do país, a Presidência com Fernando Henrique e o governo de São Paulo com Mario Covas, sem ter, realmente, explicitado ao que veio e ninguém diz nada?
Será que a imprensa está tão feliz por não ter de dar duro na cobertura do segundo turno que prefere deixar do jeito que está? Será que ninguém percebe que, a partir do ano que vem, o mesmo pessoal que faturou as eleições de 1986 vai deitar e rolar sem ter vivalma para fazer oposição?
Ninguém pia quando o ministro Ciro Gomes usa da mais deslavada empáfia para dizer que pretende diminuir as alíquotas na importação de automóveis porque o setor automobilístico "está tão líquido que anda fazendo acordos salariais generosos". Onde estamos? O que o Lula está esperando para armar um barraco?
Quando é que Lula pretende começar a peitar FHC? Quando é que Lula vai juntar coragem para perguntar ao candidato da coligação PSDB-PFL onde serão colocados os milhares de desempregados que resultarão do processo de enxugamento da máquina e das privatizações?
Quando é que Lula vai indagar a FHC como ele pretende consertar 25 anos de desmandos sem dor?
Quando é que Lula vai forçar FHC a dizer qual será o tamanho do arrocho necessário para dar continuidade ao Plano Real?
Será que ninguém se dá conta de que, no México, um plano parecido deu origem aos zapatistas e que, na Argentina, um em cada dez trabalhadores está no olho da rua?
Alô, FHC! Já que o Lula é bola murcha e não pergunta, pergunto eu: quantos ovos o senhor vai ter de quebrar para fazer sua omelete?
Conclamo aqui os eleitores de bom senso a encarar as próximas eleições de forma enxadrística. Com Lula, Quércia, Brizola e Amin em baixa, Fernando Henrique periga virar rei do Brasil.
Invoco o eleitorado a ter em mente um equilíbrio maior de forças na hora de votar. Só assim a turma de FHC poderá ser fiscalizada para que o Plano Real não acabe se transformando em um novo Cruzado 2.

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