São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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"Só pensarei em seleção na outra Copa", diz Muller

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Muller só volta a pensar no futebol brasileiro na próxima Copa do Mundo. O jogador, que se transferiu para o Everton, viaja hoje às 14h10 para a Inglaterra querendo esquecer a seleção brasileira.
"Só vou disputar jogos oficiais. Não quero atuar em amistosos, que me obriguem a vir na segunda-feira e voltar correndo na quinta", disse à Folha.
Muller precisava de um estímulo em sua carreira. Depois de conquistar a Copa do Mundo e vários títulos pelo São Paulo, sentiu-se motivado a disputar os campeonatos europeus, especialmente o inglês, cujo estilo privilegia a força, não a técnica.

Folha - Por que você decidiu enfrentar esse desafio?
Muller - Foi tudo muito rápido. Nem eu, nem os dirigentes do São Paulo esperávamos que algum clube pagasse o que pediam pelo meu passe (US$ 3 milhões). Como o Everton aceitou, fechamos logo o negócio. Nem pensei muito.
Folha - Qual é a disposição de jogar em um time que é o 22º e último colocado no campeonato inglês, com apenas um ponto?
Muller - Bom, o trabalho vai ser grande. Como eles contrataram outro jogador rápido (o nigeriano Amokachi), acho que estão dispostos a realmente tirar o time do buraco. Gosto de desafios.
Folha - Como vai ser a adaptação ao estilo do futebol inglês?
Muller - O que vai facilitar é a decisão do técnico do Everton (Mike Walker) em apostar nas jogadas mais habilidosas, o que não é muito comum na Inglaterra. Lá, a força física é mais importante.
Folha - Você continua com a disposição de não voltar a jogar pela seleção brasileira?
Muller - Continuo. Não quero mais participar de amistosos cansativos, que não permitem treinar direito. Só vou querer jogar partidas oficiais. Se na próxima Copa do Mundo o treinador preferir me convocar, vou jogar sem problemas. Amistosos, não.
Folha - Você estava desestimulado no São Paulo?
Muller - De forma alguma! Todos meus principais títulos eu conquistei jogando aqui. Vai ser muito difícil deixar esse time que sempre me quis bem (ontem à noite estava previsto um jantar de despedida com os jogadores). Mas eu queria voltar à Europa, disputar outros torneios. É um estímulo.
Folha - Os dirigentes do Everton querem que você estreie logo. Quando deve acontecer?
Muller - Talvez no outro sábado (contra o Leicester). É bom jogar logo para me adaptar rápido. Pensando nisso, aliás, já verifiquei que há uma igreja católica em Liverpool, a cidade do time. Também vou levar muitos conhecidos para não ficar sozinho (além da mulher e dois filhos, vão a mãe, uma tia e um sobrinho).

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