São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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Volta de Viola quebra a cabeça de Pereira

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A partir do treino de hoje, o técnico Jair Pereira começa a quebrar a cabeça para encaixar Viola de volta no time do Corinthians. Na verdade, isso não seria um quebra-cabeças se dois jogadores novatos –um prata da casa; outro, recém-contrado–, não estivessem produzindo tão bem. Refiro-me ao armador Sousa e ao goleador Marques.
Em condições normais, um deles cederia seu lugar para o ídolo, sem choro nem vela, até com uma reverência à beira do gramado. Acontece que o técnico não pode, em sã consciência, tirar nenhum dos dois do time neste momento, sem ter de ouvir aquela fatal reverberação nas arquibancadas alusiva ao bicho de quatro patas que puxa carroça.
Que fazer, como fazer? Ora, o jeito é rearrumar o meio-de-campo. Na ausência forçada de Luisinho, suspenso por ter sido expulso na estréia, planta-se Zé Elias na cabeça-de-área, retraem-se um pouco Boaiadeiro, pela direita, e Sousa, pela esquerda, metendo-se Viola como quarto-homem de meio-campo ou, se quiserem, terceiro avante, juntamente com Marcelinho e Marques lá na frente.
Qual é o problema? Ah, sim, vai-se fragilizar o sistema de marcação do meio-campo, sem a presença de um segundo volante? Isso é questionável, pois, se o técnico dividir a tarefa de combater por ali entre os demais parceiros de Zé Elias, haverá equilíbrio suficiente. Em contrapartida, de posse da bola, esse Corinthians será, no mínimo, infernal. Mesmo porque Viola pode atacar pelo meio, já que o lado forte de Marques é o esquerdo, contando com o apoio de dois armadores habilidosos e de bom chute à meia-distância, como Boiadeiro e Sousa.
Isso iria conferir ao Corinthians um perfil ofensivo e criativo que caracteriza os verdadeiros campeões.

É mais ou menos o dilema que vive o Palmeiras hoje. Só que no outro Parque, o técnico Luxemburgo já avisou: em casa, o Palmeiras pode vir a jogar com um volante apenas (César Sampaio, Flávio Conceição ou Amaral), completando seu meio-campo com mais três meias -Paulo Isidoro, Rivaldo e Zinho.
Trata-se de uma ousada iniciativa do treinador, que, somada à possibilidade de Telê manter os dois meias que deram certo contra o Botafogo, fará do futebol paulista não apenas o líder nas estatísticas do Brasileirão, mas uma ponte avançada em direção ao resgate do melhor futebol.

E lá se vai Muller mais uma vez. Nos tempos atuais, não me recordo de nenhum outro jogador que tenha sido tão eficiente para seu clube como Muller foi para o tricolor. Na verdade, se quisermos fazer uma seleção do São Paulo de todos os tempos, Muller haverá de ter sua escalação garantida. É, seguramente, o jogador tricolor que mais títulos conquistou (com um detalhe: esteve no centro de quase todas as decisões) e o único presente em três Copas do Mundo.

Por falar em Copas e seleções, o "Apito Final", da Bandeirantes, na segunda-feira, elegeu a seleção brasileira do tetra. Isto é: os melhores das quatro conquistas. O Luciano do Valle, ao cabo, fez uma confusão danada, na apuração dos votos. Mas o que depreendi bate com a minha escolha: Gilmar; Carlos Alberto, Mauro, Orlando e Newton Santos; Zito, Didi, Gérson e Pelé; Garrincha e Tostão.
Mas Tostão, sem falsa modéstia, cedeu seu posto a Romário. Do que nasce boa discussão para o futuro, sobre o passado.

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