São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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Jornal divulga notícias on line pelo PC

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

O que era uma onda virou febre. Todo mundo quer embarcar na "information superhighway", a super-estrada da informação que promete um dia conectar todos os americanos. O "The New York Times" publica anúncios de página inteira convocando seus leitores a receber o jornal por computador.
O "Times" vai divulgar on line um resumo das últimas notícias, as críticas de música, teatro, livros e filmes e um guia de lazer, artes, restaurantes e atividades do fim-de-semana. Para fisgar usuário, o jornal oferece de graça as primeiras dez horas de consulta.
A Home Shopping Network, que faz varejo pela TV para 60 milhões de domicílios, decidiu se aliar à Internet para investir numa nova rede de vendas por computador. Hoje em dia a Internet Shopping Network já oferece 20 mil produtos relacionados à informática. Vai passar a vender de tudo via modem, de jóias a utensílios de cozinha.
Em Nova York, o empresário David Alwadish anuncia que está investindo na criação do rádio interativo, para ser utilizado principalmente em automóveis. É um aparelho de rádio dotado de uma telinha digital capaz de reproduzir informações por escrito.
O sistema, conhecido aqui como RDS (radio data system), permite que uma estação de rádio transmita dados numa subfrequência paralela à sua programação. Usando o RDS, o ouvinte pode descobrir o nome da música que está tocando, o autor e até onde comprar o disco. Basta apertar um botão do rádio durante a música.
As gravadoras tem interesse no sistema porque, através dele, teriam um jeito concreto de descobrir os hábitos e os desejos de consumo dos ouvintes de cada região do país: das emissoras preferidas ao tipo de música.
É que o aparelho também é capaz de imprimir os dados que recebe num cartão magnético. Basta apresentá-lo no posto para pagar menos pelo combustível. Os cartões seriam transferidos para as gravadoras, fechando o ciclo da promoção pesquisa.
O primeiro teste para valer do RDS será feito no final do ano que vem na Flórida, envolvendo um grupo de emissoras FM. Como o rádio ainda não existe no mercado, o empresário pretende distribuir 3 mil aparelhos para ouvintes que se dispuserem a participar do teste.
Se der certo, as emissoras que quiserem tirar proveito da tecnologia terão que gastar US$ 1.500 na compra de um codificador, além de contratar pessoal para cuidar das promoções e alimentar o sistema. A grande dúvida é se o público está disposto a trocar o rádio do carro para tirar proveito de alguns descontos nas compras.
Mas nessa febre interativa muita coisa está acontecendo assim: o empresário investe em idéias de aceitação duvidosa com medo de perder o bonde, de ficar de fora do mercado quando a idéia vingar.
Bernard Luskin, por exemplo, aposta que vai ter público suficiente interessado em assistir televisão que fale só sobre informática. Vinte e quatro horas por dia. Entrou no ar em algumas cidades americanas a Jones Computer Network, uma emissora de TV a cabo dedicada apenas aos computadores.
A programação é carregada no lado educativo. O empresário acha que os infomaníacos vão ficar grudados na telinha da TV para aprender a lidar com o último programa ou instalar um equipamento novo.
Inicialmente, a Computer Network só pode ser assistida em Los Angeles, Chicago, Washington e Denver, no Colorado. Mas o empresário vê tanto potencial no negócio que já anunciou que pretende expandir a rede para outros países, começando pela Inglaterra, Alemanha e Brasil.

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