São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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'Efeito Lucena' faz FHC cancelar viagens

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, decidiu restringir suas viagens pelo país nesta reta final de campanha para evitar o que foi batizado no comitê de "efeito Lucena".
A expressão é uma referência à cassação da candidatura do presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB), decidida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na última terça-feira.
O candidato havia marcado para hoje uma viagem a João Pessoa. Teve de cancelá-la às pressas depois do resultado do julgamento.
Lucena é um dos principais cabos eleitorais do candidato do PMDB ao governo da Paraíba, Antônio Mariz, cuja adesão a FHC já estava acertada. Além de desmarcar a viagem, a decisão do TSE provocou o adiamento do anúncio do apoio de Mariz.
Como FHC é o líder nas pesquisas de intenção de voto, a regra é evitar a qualquer custo situações de risco –principalmente apoios que possam repercutir negativamente, como o de Lucena.
O candidato também cancelou a viagem a Campo Grande, que estava marcada para o próximo dia 29. Segundo pesquisas internas do comitê, FHC tem 48% das intenções de voto em Mato Grosso do Sul.
Para a cúpula da campanha, não há por que o candidato ir a um Estado que aponta altos índices de intenção de voto mesmo sem a presença do presidenciável.
Eles avaliam que qualquer viagem apresenta o risco de um fato imprevisto ocorrer.
Assessores citam o lugar-comum do futebol para explicar o procedimento: "não se mexe em time que está ganhando".
Os assessores também citam o exemplo ocorrido no Rio Grande do Sul. FHC foi ao Estado no dia 3 e recebeu o apoio do candidato do PMDB ao governo, Antônio Britto, que é favorito nas pesquisas.
Mas o tucano acabou sendo surpreendido pelo estouro do escândalo envolvendo o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero durante a visita.
Segundo pesquisas internas do comitê, FHC perdeu quatro pontos no Estado depois da viagem.
O candidato também não vai mais visitar o Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Para compensar a sua ausência em todos estes Estados, o comando de campanha vai intensificar os chamados "comícios eletrônicos".
Nestes eventos, são montados telões em locais centrais das cidades com gravações do candidato. A fala de FHC vai ao encontro das prioridades locais. Se o município se localiza no agreste nordestino, por exemplo, ele grava um programa sobre irrigação.
O comitê também vai priorizar os programas de rádio e de televisão, tanto os do horário gratuito como os que são enviados para emissoras locais. Outra estratégia é distribuir rapidamente as cerca de 5 milhões de cópias de cédulas eleitorais que ensinam como votar em FHC.

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