São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Petista ataca redução de taxa de importação

AMÉRICO MARINS
DO ENVIADO ESPECIAL A TERESINA

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, em Teresina (PI), que a decisão do governo de reduzir as alíquotas de importação de alguns produtos pode levar a uma "quebradeira" nas empresas brasileiras.
Segundo Lula, a medida pode ser "útil" por cerca de um mês, mas vai ser "desastrosa se quebrar o parque industrial" do país.
Na sua avaliação, a redução das taxas vai fazer com que os produtos importados cheguem ao país em situação muito privilegiada, impedindo a concorrência nacional e gerando desemprego.
O petista afirmou que o governo foi "insensível", "emocional" e agiu com "muita irresponsabilidade" ao antecipar acordo feito com os países do Mercosul para reduzir taxas. Segundo ele, o acordo deveria entrar em vigor em seis anos.
Para Lula, o governo foi motivado pelo interesse em ajudar a eleger o candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Ele chegou a dizer que o Brasil vive uma "ditadura dos tecnocratas". O petista voltou a afirmar que os técnicos do Ministério da Fazenda seriam os responsáveis por esse tipo de decisão, sem levar em conta os "aspectos sociais" das medidas.
Durante comício realizado na cidade às 11h50, Lula cobrou dos empresários uma reação à redução das alíquotas e ao fato de o governo ter impedido o acordo salarial entre os metalúrgicos da região do ABCD e as montadoras.
Ao comentar a greve, voltou a criticar o governo, mas afirmou que espera que o acordo saia.
Lula também criticou FHC. Segundo ele, o adversário "vai comer na mão do PFL" e não vai conseguir, caso eleito, reduzir a influência do partido em sua administração. A Folha revelou, anteontem, que o tucano espera que o partido com o qual se coligou saia fragmentado da eleição.
O petista duvida dessa análise. Considera que o PFL é o único partido organizado nacionalmente na coligação. Diz que o PSDB não chega a ser um partido nacional.
Lula não quis comentar uma possível aliança com o governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, para o segundo turno.
O candidato repetiu que não vai acabar com as igrejas evangélicas nem com a aposentadoria rural. Essas duas versões estão sendo muito difundidas no Nordeste.
Após o comício, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores, o petista compareceu a um almoço no Clube dos Economiários.(Américo Martins)

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