São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994 |
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Família transforma casa em centro de oração
AURELIANO BIANCARELLI
"Já fizemos centenas de ligações interurbanas e internacionais", diz a mulher. Em Atenas, na Grécia, a mãe e os irmãos de Damascene fazem a mesma coisa. "Estamos pedindo oração aos amigos", diz Neide. O pequeno Alexis, 7, já foi informado que o pai sofreu um acidente no mar. Petrus, 5, apenas desconfia. Os parentes se revezam junto ao telefone. No último dia 5, uma pessoa não identificada informou que a tripulação teria sido localizada numa balsa salva-vida. A informação era falsa. "Enquanto não houver uma notícia concreta, a gente vai morrendo minuto a minuto", diz Neide. Jean e Neide se conheceram quando ele fazia doutorado na FEA. Estão casados há oito anos. Antes da partida do navio, Neide tirou uma semana de folga e os dois viajaram para Vitória (ES), onde o marido embarcaria. Neide chegou a conhecer o navio Iron Antonis. Diz ter ficado assustada com seu tamanho. "Você promete que não viajará neste navio velho?", perguntou ao marido. Damascene disse que viajaria de avião e ainda brincou. "Se um navio deste tamanho rachar ao meio, não sobra ninguém." A necessidade de reparar os equipamentos durante a viagem teria alterado os planos de trabalho. Damascene viaja raramente de navio, mas não é um estranho ao mar. Quando jovem, esteve engajado na Marinha grega. Conhecia bem grandes embarcações e saberia como agir numa emergência. A família continua com esperanças. O tempo, porém, angustia. "À medida que os dias passam, perguntamos até quando ele resistirá", diz Neide.(AB Texto Anterior: Marinha diz manter busca Próximo Texto: Imagem do país é tema de debate; Quina pagará prêmio principal de R$ 585 mil Índice |
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