São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Professor francês propõe videogame em aula

PAULO SILVA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O antropólogo francês Gilles Brougère, 39, não tem medo de arma em sala de aula –desde que seja de plástico e só faça barulho.
Essa é uma de suas propostas sobre o uso de brinquedos na escola que arrepiam os cabelos de professores e pegagogos.
Professor de Ciência da Educação na Universidade Paris 13, Brougère fala hoje e amanhã sobre o assunto em um evento em São Paulo (leia texto ao lado).
As crianças já estão acostumados a montar legos ou brincar com tijolinhos de madeira na classe. Mas gostariam de poder levar videogames, bonecas Barbie, soldadinhos e "monstros" de plástico.
Se a escola permitisse, a educação ganharia, diz o antropólogo, aumentando o interesse e o leque de atividades possíveis.
Brincadeiras de guerra, afirma, fazem parte da cultura e não vão necessariamente fazer um adulto violento.
"Claro que se os pais encorajam a violência, brincar de guerra influencia, mas é exceção. A guerra é muito forte em jogos e brincadeiras por causa da idéia de oposição", diz.
Durante uma discussão em uma universidade alemã os alunos disseram que eram contra o uso de brinquedos que imitam armas. Mas todos admitiram ter brincado de guerra quando eram criança.
"Quase todo mundo também brinca de bombeiro, mas poucos escolhem a profissão depois."
Barbies e bonecos podem servir para criar ambientes, com móveis fabricados pelas crianças.
O que é indispensável, segundo Brougère, é a participação dos professores, propondo modos de brincar que sejam mais desafiadores.
"Não é o que acontece hoje na França, por exemplo. Os professores reservam uma parte do tempo para brincadeiras, bem separada da outra mais 'escolar', e ficam vigiando as crianças apenas para que não se machuquem", diz.
Os brinquedos podem avançar além da pré-escola, afirma ele, até cerca de 9 anos, a idade em que, mesmo em casa, começam a despertar menos interesse nas crianças.
Segundo ele, nos últimos 50 anos diminuiu a idade em que as crianças deixam os brinquedos de lado.

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