São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994 |
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Primo Mondo quer preservar tradições
JOSIMAR MELO
Durante o dia, Gilson Lasco, 44, exerce sua identidade de empresário, mas à noite se traveste de chef de cozinha calabrês. Seu sócio, Reinaldo Salvia, 40, já teve uma pizzaria e hoje é quem faz as massas frescas num pastifício no próprio restaurante. Ambos cozinheiros amadores, descendentes de calabreses e sicilianos, eles abriram o Primo Mondo pensando na tradicional cozinha italiana das avós. O resultado é muito positivo. Prudentemente, a dupla oferece poucos pratos a cada dia (apenas 12 massas e carnes, o que diminui a margem de erro na execução), mudando-os, porém, a cada 15 dias. O cardápio é um deleite para quem gosta de escarafunchar os segredos dos pratos que come. Todos eles são descritos minuciosamente –o fusilli calabrese, por exemplo, requer 15 linhas para ser explicado. O strozzapreti alla parmigiana, outra massa fresca comprida e grossa, é servido também com molho de tomate, mas mais suave e enriquecido com queijo parmesão. O medalhão com pimenta verde (mais passado do que deveria) tem um molho saboroso, embora a pimenta, se mais esmagada, pudesse ser mais marcante. Acompanha-o um fettuccini al pesto muito bom: o molho é delicado, sem exagero no sabor da erva, nem triturado demais. Os escalopes têm molho de vinho tinto e funghi secchi, acompanhados de penne com presunto e creme de leite. Os ingredientes são todos de primeira, dos azeites italianos ao sal marinho não-iodado. Há deslizes –antepastos como os cogumelos na grapa (com mais ingredientes que sabores) ou os cappelletti in brodo (com um caldo bem pouco aromático). Eles deixam a desejar, assim como os pêssegos com amaretti da sobremesa. E os preços assustam. Mas a julgar pela qualidade, o sonho dos proprietários vai de vento em popa. Texto Anterior: Josely Carvalho traz arte política ao MAC Próximo Texto: CAFÉ; SCOTCH; MUDANÇA Índice |
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