São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Privatizar antes que tarde

As mudanças no recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo atenuam a contração do crédito definida no final do mês passado. As instituições financeiras e os bancos em geral passam a trabalhar dentro de limites menos estreitos.
Essas medidas, adotadas ontem pelo Banco Central, diminuem a necessidade de os bancos estaduais tomarem empréstimos de instituições privadas, pagando altos juros. O alívio que esse cenário sem dúvida inspira não deve, entretanto, servir de álibi para que os governos e bancos estaduais continuem a adiar as profundas e urgentes reformas que se fazem necessárias.
A adaptação a uma economia estável e o imperativo de gastar somente o que arrecada exigem do setor público o mesmo processo de reestruturação que o setor privado veio realizando nos últimos anos. No caso dos governos estaduais, porém, o que se observou recentemente foi justamente o contrário. A maioria das administrações continuou agindo de modo absolutamente perdulário, gastando recursos de que não dispunha.
O resultado dessas gestões verdadeiramente irresponsáveis foi o endividamento crescente dos Estados com suas próprias instituições financeiras. Boa parte das obras que governadores exibem como grandes realizações não são fruto de uma administração de fato eficiente. Ao contrário, resultam de imensas dívidas que o eleitor não escolheu fazer, mas que o cidadão terá de pagar –cedo ou tarde.
Era previsível que uma queda acentuada da inflação afetasse de modo mais imediato o setor financeiro. Enquanto as instituições privadas se preparavam para a nova realidade, seus pares do setor público pouco ou nada fizeram. Essa ineficiência, exaustivamente demonstrada no cotidiano e atestada agora pela incapacidade de reagir a novas conjunturas, recoloca, ainda com maior ênfase, a alternativa de privatizar os bancos estaduais.

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