São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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"Mochileiros espaciais" saem do Discovery

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dois astronautas saíram ontem ao espaço sem nenhum cabo que os ligasse ao ônibus espacial Discovery.
O objetivo do passeio espacial era testar um sistema de jatos acoplado ao traje, que permite que eles se movimentem livremente no espaço.
A "mochila espacial", ou EVA (sigla inglesa para atividade extraveículo), foi projetada para servir no resgate de astronautas que venham a se soltar por acidente no espaço, como pode ocorrer durante a construção da futura estação orbital.
Mark Lee e Carl Meade saíram do compartimento de carga do ônibus espacial às 11h54 (horário de Brasília).
"A porta está aberta. Estou saindo", disse Lee, no início do passeio espacial.
Lee se afastou da nave a uma velocidade de 15 centímetros por segundo. Naquele momento, o ônibus espacial Discovery sobrevoava o oceano Pacífico.
Os objetivos da missão, prevista para durar seis horas, incluíam uma simulação de resgate.
Um astronauta deixaria o corpo rodar na ponta do braço mecânico, enquanto o outro viria em seu "socorro".
Durante os testes da mochila espacial, que custou US$ 7 milhões, Meade rodou o companheiro rápido demais.
"Você pode me alcançar?", perguntou Lee.
Meade agarrou o companheiro e repetiu o movimento mais lentamente, e Lee ficou rodando sobre si mesmo de forma constante.
Em seguida, Lee acionou os jatos de sua mochila e conseguiu se estabilizar.
"É perfeito", disse.
No teste seguinte, os astronautas inverteram os papéis.
Os astronautas também realizaram uma troca de baterias na mochila durante a missão.
Esse foi o primeiro passeio espacial sem conexões a uma nave desde 1984.
Na época, os astronautas utilizaram um modelo maior de mochila, já abandonado pela Nasa.
A nova mochila, que pesa 38 quilos, foi projetada para ser usada apenas em missões de resgate.

Brasil
O ônibus espacial Discovery está programado para retornar à Terra na segunda-feira.
A missão teve vários objetivos. Um deles foi testar um radar que utiliza raios laser para estudar a atmosfera terrestre.
Participam dos testes do radar uma rede de apoio formada por vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo.
No Brasil, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, participa com um radar que fará mensurações que servirão como referência aos dados fornecidos pelo radar de laser.
Outro objetivo da missão do ônibus espacial foi colocar um satélite de pesquisas no espaço por apenas 48 horas.
O satélite, chamado Spartan, foi recapturado com o auxílio do braço mecânico da nave.
O objetivo do Spartan era captar dados sobre o vento solar, que é um fluxo de partículas eletrificadas que parte do Sol.
Além dos dois astronautas que realizaram o passeio espacial, fazem parte da tripulação três homens e uma mulher.

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