São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Cafezinho paulistano ganha novos sabores

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O tradicional cafezinho do paulistano ganhou novos sabores. A cidade, que fez da bebida um hábito "quatrocentão", tem quatro lojas que vendem café com aromas, que variam de coco a baunilha.
Em outubro eles chegarão aos supermercados, com a linha Brazilian Santos do Café do Ponto, potes de 250 g nos sabores menta, canela, chocolate e amêndoa.
O processo de aromatizar o café acontece no fruto ainda em grão, mas a receita completa a indústria não revela. No produto nacional, parte das essências é artificial. Já os importados prometem uma composição totalmente natural.
Muito comum na Europa, esse tipo de café só chegou ao Brasil em 93. Segundo o diretor de exportação do Café do Ponto, Luiz Roberto Gonçalves, 50, os aromatizados já representam 5% da produção total da empresa.
O descafeinado, em pó ou grão, é outra variação em que indústrias estão apostando. Esse café também tem o grão tratado antes da torra para a retirada da cafeína, tornando a bebida mais suave e saudável.
As lojas vendem os cafés especiais no balcão, no tipo expresso ou capuccino, além do pó e do grão. O cliente pode escolher o sabor só pelo aroma dos grãos, que ficam expostos em grandes potes. O café é moído na hora e acondicionado em embalagens de 100 g.
A linha de cafés especiais inclui também o expresso "high-tech", feito por computador numa máquina italiana, da loja Companhia do Café by Barnie's. A máquina mói o grão e define a quantidade de cada ingrediente sem nenhum contato humano durante o preparo.
A Cia. do Café também importa complementos para café, como o açúcar com sabor de chocolate, avelã, canela e coco (R$ 7,90) e as essências de amêndoa, menta, canela, baunilha e laranja (R$ 8,90).
A essência incrementa o café puro feito em casa, mas deve ser usada sempre em pequenas doses. O açúcar pode ser usado para adoçar o café ou polvilhar o chantilly.
A loja oferece copos descartáveis de isopor para conservar o café quente e o "café americano" –aguado e servido com creme.
No Il Caffé Dona Branca, a diferença entre os tipos de café é dada pelo ponto de torra. Segundo o proprietário Joci Infante Ribeiro, 33, os clientes podem criar um sabor próprio misturando os grãos.
Só no Brasil é possível encontrar três tipos principais –do Paraná, de São Paulo e de Minas Gerais–, com diferenças de sabor e qualidade dos grãos.
Segundo a cafeicultora Orsila Araújo, 44, os principais fatores que determinam a qualidade do café são o tipo de solo, a forma de colheita e seleção do grão e a torra.
"Há cafés mais ácidos, outros mais encorpados e alguns suaves. E as características dependem do ponto de torra", diz.
Como é impossível para o leigo analisar isso na hora de comprar, o meio mais fácil de descobrir as qualidades do café é a degustação.
É preciso observar três aspectos: corpo (consistência), aroma e sabor da bebida. É importante fazer a degustação do café sem açúcar, para não alterar as características.
Segundo Orsila, o bom café deve ter sabor homogêneo. "É aquele café que não deixa perceber qualquer outro gosto ao fundo. Tem muitos com cheiro que parece de remédio", afirma.

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