São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Ação eleva popularidade de líderes

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

É evidente que o presidente Clinton não resolveu invadir o Haiti para restaurar a democracia naquele país ou para acabar com os crimes contra os direitos humanos ali cometidos, como argumentou em seu discurso.
Se ele acha que sua missão é derrubar ditaduras nas vizinhanças dos EUA, por que não invade Cuba?
Se quer impedir mortes injustas, por que nunca agiu para pôr fim ao genocídio na ex-Iugoslávia?
Clinton está num ponto crítico de sua administração. Só 39% dos americanos a aprovam.
Em novembro, ele enfrenta eleições que renovam a Câmara, um terço do Senado e alguns importantes governos estaduais.
O presidente assumiu com folgada maioria nas duas casas do Congresso. Ainda assim, as vitórias parlamentares que obteve foram poucas e conseguidas com apenas um ou dois votos de vantagem sobre a oposição.
O grande ídolo político de Clinton é John Kennedy. Diz ele que, depois de ter apertado a mão de Kennedy na Casa Branca, o adolescente Bill Clinton resolveu também ser presidente.
Em setembro de 1962, Kennedy esperava uma derrota em novembro em eleições similares à deste ano.
Veio a crise dos mísseis de Cuba e tudo mudou: sua popularidade do presidente chegou a 74% e seu partido venceu as eleições.
Todos os presidentes que invadiram outros países, desde Truman na Coréia, em 1950, com a exceção de Johnson no Vietnã, tiveram ganhos imediatos de popularidade de 4 a 11 pontos percentuais após a intervenção.
É o que Clinton pretende obter de sua aventura no Haiti, um inimigo fraco, que quase não oferece riscos de derrota militar.(CELS)

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