São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994 |
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Conheça os efeitos do câmbio
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
1. Os produtos importados ficam mais baratos. Na estréia do real, quando a taxa era de R$ 0,95 para US$ 1, um carro de US$ 30 mil saía por R$ 29.500. Agora está saindo por R$ 25.500. 2. Isso ajuda no combate à inflação. Fica mais barata a importação de matérias-primas essenciais, como o petróleo, que tem impacto em toda a economia. 3. Facilita a vida de quem deve em dólar, como é o caso das estatais. Precisam de menos reais para saldar seus compromissos em moeda norte-americana. Mas essa mesma taxa de câmbio tem efeitos negativos: 1. Se o dólar fica barato por muito tempo prejudica setores da indúst ria brasileira, cujos produtos tornam-se mais caros que os importados. A indústria local perde mercado, o trabalhador perde emprego. 2. O dólar barato também atrapalha as exportações, pois encarece o produto nacional. Na estréia do real, um sapato brasileiro que custava, aqui, R$ 10 chegava nos Estados Unidos por US$ 10,50. Agora, está chegando por US$ 11,75. 3. Desestimula a entrada de investimentos externos de médio e longo prazo. Uma multinacional que traga US$ 100 milhões para sua subsidiária brasileira vai ficar com apenas RS$ 85 milhões depois da troca de moeda no BC. Balanço Cabe à equipe econômica avaliar os efeitos positivos e negativos da taxa de câmbio para eleger, a cada momento, a sua prioridade. Facilitar importações, por exemplo, não significa necessariamente destruir a indústria brasileira. Pode ser política para forçar a indústria local a se modernizar. Pode ser também um meio de forçar os exportadores a ganharem mais competitividade. Em resumo, é um problema de grau e de tempo. Por exemplo: se a taxa de câmbio permanece muito tempo na paridade atual, toda a estrutura produtiva se ajeita a esse dólar barato. Aí, se o Banco Central precisa mudar a política, a elevação do preço do dólar equivale a uma midi ou maxidesvalorização do real. Isso ocorreria se a taxa fosse da paridade atual de R$ 0,85 por US$ 1 para, digamos, R$ 0,98 por US$ 1. Seria uma desvalorização do real de quase 15%. Tudo que é importado encareceria imediatamente. O petróleo, por exemplo, e a gasolina, o diesel etc. Texto Anterior: BC atua para segurar dólar e reduzir ágio Próximo Texto: Mercado prevê alta do fluxo Índice |
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