São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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Presidente deposto não aprova o acordo

DE WASHINGTON

O presidente do Haiti no exílio, Jean-Bertrand Aristide, 40, se recusou ontem a endossar o acordo firmado entre os EUA e a junta militar haitiana.
No domingo à noite, quando anunciou ao país os termos do acordo, o presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que Aristide concordara com ele.
A Casa Branca está realizando intenso esforço para convencer Aristide a mudar de posição. No Congresso, diversos parlamentares do governo criticaram o presidente haitiano no exílio.
Em seu primeiro pronunciamento público desde sexta-feira, Aristide divulgou texto de 17 linhas, vago, sem referências ao acordo.
Seus assessores dizem que Aristide se contrariou com os 25 dias a mais de poder e a anistia geral dados à junta militar. Ele exige que o Exército e as milícias sejam desarmadas antes de seu regresso.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general John Shalikashvili, disse esperar "diminuir o número de armas em circulação no Haiti", mas ainda não saber como isso será feito.
Shalikashvili fez outra afirmação que assustou os partidários de Aristide: as tropas norte-americanas têm ordem para não interferir em incidentes rotineiros de desordem pública, que continuarão por conta dos haitianos.
Essas ordens já começaram a ser cumpridas, como se viu ontem nos incidentes em Porto Príncipe.
Na Casa Branca há o temor de que Aristide possa começar a criar problemas para as tropas de ocupação, incentivando seus seguidores a realizarem manifestações de rua.
Depois de divulgada sua declaração, Aristide reuniu-se por cerca de uma hora com o assessor de segurança nacional do presidente Clinton, Anthony Lake.
Shalikashvili alertou para a possibilidade de "começarem a ocorrer baixas" entre as tropas dos EUA devido a conflitos entre os grupos de Aristide e do general Cedras, líder da junta militar.
Em dezembro haverá eleições parlamentares no Haiti. Aristide teme que seus aliados sejam intimidados pela junta militar nos próximos dias e que Cedras forme poderosa bancada para ajudá-lo a eleger-se presidente em 1995.

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