São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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Fantasma assombra FHC

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Até ontem à noite, as pesquisas encomendadas pelo comitê de Fernando Henrique Cardoso ainda não acusavam qualquer efeito do caso Maciel. Aliás, dentro da margem de erro, o candidato tucano distanciou-se ainda mais de Lula. Mas há preocupação –e com razão.
Na busca de um discurso que amenize o efeito do real, o PT tenta mesclar a imagem de Fernando Henrique à de Fernando Collor. A conta-fantasma que supostamente teria beneficiado Marco Maciel, óbvio, facilita essa colagem de marketing.
O Judiciário determinou ontem a quebra do sigilo da conta-fantasma. Os primeiros documentos podem chegar à Polícia Federal em menos de dez dias.
Existe pelo menos um fator capaz de acelerar a obtenção de provas: os canais azeitadíssimos entre o PT e os bancários, facilitando o vazamento antecipado de indícios ou provas. De resto, o partido desfruta, através da CUT, de bons contatos entre delegados da Polícia Federal.
Como ainda não tem margem expressiva para ganhar no primeiro turno, Fernando Henrique corre o risco de ver a conta-fantasma tirar-lhe decisivos pontos. Existem, porém, dois fatos que atrapalham os projetos do PT.
Primeiro (e óbvio): a denúncia não é contra o candidato, mas contra o vice. Apenas 15% dos eleitores conhecem os nomes dos vices de Lula e Fernando Henrique. Segundo: se, de fato, Maciel recebeu ajuda de PC, foi por via indireta. O dinheiro saiu da campanha de Joaquim Francisco, candidato a governador.
O ponto: talvez seja essa a última esperança de Lula. Parece aquele jogo em que o time está perdendo de 1 X 0, faltam poucos segundos para acabar, ganhou um escanteio e todos, inclusive os zagueiros, vão para a área.
PS – Pecando pelo exagero e, em alguns casos, mentindo, Lula escreveu um artigo leviano para ser divulgado no exterior. Classificou as eleições de "ilegítimas", o que faz lembrar antigas pregações golpistas. Disse que o processo eleitoral é digno de uma "república de bananas", referindo-se ao uso da máquina governamental. Para completar, afirmou que "aumentam os casos de repressão policial durante os atos do PT e de seus aliados".

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