São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Ruína da Faria Lima atrai ladrões

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que começaram as demolições de casas para a extensão da avenida Faria Lima, há cerca de dois meses, uma onda de roubos vem atingindo o bairro de Pinheiros (zona oeste).
Neste período, seis das 12 casas de uma das vilas da rua Fernão Dias já foram invadidas. Em outra vila da mesma rua, quatro casas foram roubadas.
Os moradores afirmam que os ladrões estão usando as casas em demolição pela prefeitura como esconderijo.
Na rua Miguel Isasa, algumas casas tiveram apenas as portas e janelas arrancadas, permitindo que elas fossem ocupadas.
Na madrugada de terça-feira, a reportagem da Folha encontrou um grupo de pessoas se abrigando na garagem de uma das casas.
A polícia ainda não registrou casos de ataques a moradores. Na segunda-feira, moradores pediram providências para o comandante do 23º Batalhão da PM, tenente-coronel Holliwood Garcia de Marins, responsável pelo policiamento em Pinheiros.
"Nós vivíamos em um clima de cidade do interior. Agora, esse bairro parece terra de ninguém", diz a professora Maria Isabel Soncini.
Os moradores passaram a colocar mais trancas e grades em suas casas. "É só sair na rua que a gente escuta alguém discutindo o preço do serralheiro, da fechadura ou contando um novo caso de assalto", diz Maria Isabel.
"Ninguém tem dormido com medo que os ladrões entrem pelo telhado. Se um morador ouve um barulho já liga assustado para o outro. É um inferno", diz ela.
No quintal da contadora Carmem Rodrigues Ruiz, na rua Fernão Dias, os bandidos entraram duas vezes. "Roubaram as roupas do varal. Eu não tenho mais onde secar o que lavo", diz.
A casa do professor universitário Adilson Citelli foi uma das primeiras invadidas por ladrões. Ele mora na rua Padre Bento Dias Barreto, uma travessa da Fernão Dias.
"Na minha rua, pelo menos outras quatro casas receberam visitas do 'amigo do alheio' (assaltante) no último mês", diz Citelli.
Os ladrões entraram na casa de Citelli depois de forçar uma grade. Levaram sua carteira, mas fugiram quando a luz foi acesa.
"Moro no bairro há vinte anos e nunca vi uma onda de assaltos tão assustadora", diz Citelli.

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