São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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Fenaban deu um passo atrás, diz Berzoini

DA REPORTAGEM LOCAL

A seguir, os principais trechos da entrevista de Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários:
Folha - O que muda agora que a Fenaban pediu o julgamento do dissídio de vocês?
Ricardo Berzoini - Não muda muito. A nossa referência continua sendo a mesa de negociação. Acho que a Fenaban deu um passo atrás. A gente conseguiu construir em três anos uma dinâmica de que era possível através da negociação se chegar a um consenso mesmo com a ocorrência de greves.
Folha - Quando houve greve e o dissídio não foi julgado?
Berzoini - Em 91 teve greve e nós não tivemos julgamento do dissídio. Chegamos a um acordo através da negociação. Em 93 também tivemos greve e buscamos um acordo via negociação. Esse ano não houve sequer ainda greve por tempo indeterminado. Teve paralisações sob controle. Então não havia motivo para a instauração do dissídio e muito menos achamos que isso contribui para as negociações.
Folha - O fato de eles terem pedido o julgamento do dissídio gera uma radicalização por parte dos bancários?
Berzoini - O que está radicalizando mais são os baixos salários e a iminência de demissões. O dissídio vai trazer uma explicitação do caráter oportunista da Fenaban, que nos últimos três anos falou em afastar o Estado das nossas negociações e agora, quando se sente ameaçada por essa insatisfação e não consegue articular um processo decisório interno na Febanan para apresentar uma proposta concreta que possa ser negociada de fato, que até agora foi só proposta falsa, proposta de brincadeira, tenta jogar para o Tribunal dar respaldo. Caiu a máscara: a Fenaban está pedindo socorro do Estado porque não consegue resolver a negociação.
Folha - Houve interferência política na negociação?
Berzoini - A nossa campanha está muito contaminada pela conjuntura política e eleitoral. Os banqueiros em peso apóiam o FHC. E eu acredito que, se não houvesse essa conjuntura de um banco apoiado numa âncora de arrocho e uma candidatura apoiada nesse plano, talvez a negociação estaria mais flexível. O que está colocado é a referência que a campanha dos bancários vai ter para outras categorias. Então é importante para o governo do PLF e do PSDB matar a campanha dos bancários.
Folha - No que as eleições gerais interferem na campanha salarial?
Berzoini - Nós temos uma referência sindical muito forte e que nós, apesar de todos os diretores de sindicatos apoiarem Lula, nós, em momento algum usaríamos iniciativas da campanha salarial para beneficiar o Lula ou para prejudicar o Fernando Henrique.

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