São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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Cresce tensão e haitianos evitam sair às ruas

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
DO ENVIADO ESPECIAL

Com a morte dos dez policiais haitianos, acabou a paz que reinava no país, sobretudo na capital, Porto Príncipe.
Os soldados não riem mais para a população, como faziam desde o início da invasão. No centro da cidade e nas cercanias do aeroporto as pessoas evitam sair às ruas, mesmo sob calor de 42 graus.
Quatro soldados americanos, que falam o dialeto creoule, acalmam o ânimo da população no aeroporto internacional.
Curiosos querem saber o que aconteceu quando passam em frente ao local –cujo acesso agora está restrito a jornalistas com recomendações por escrito do comando norte-americano.
O sargento John Raymond, filho de haitianos, foi cercado ontem por um grupo de 24 pessoas que queriam detalhes do incidente no Cabo Haitiano.
A tensão também cresce na favela de Cité Soleil. Ontem pela manhã foi achado no local o corpo de um homem, morto a tiros.
Segundo vizinhos, ele havia participado anteontem de uma manifestação pró-Aristide.
Pela primeira vez, helicópteros Chinook começaram a cruzar os céus de Porto Príncipe e os aviões Galaxy voltaram a sobrevoar a capital haitiana.
Carros de combate Abraham e Sherman, os mesmos usados na Guerra do Golfo, começaram a sair às ruas na tarde de domingo.
São comandados por sargentos que usam lenços negros cobrindo-lhes a boca. Nos olhos, usam óculos escuros. Os tanques passam e racham o asfalto da cidade.
Ainda estão pintados de amarelo-claro, cor usada como camuflagem no deserto.
Como sinal da mudança de temperatura, também foram suspensas neste fim-de-semana as tradicionais conferências de imprensa, que os militares americanos costumavam dar, todos os dias.
Também começaram a circular na tarde de ontem carros Bradley com caixas de som, transmitindo mensagens de "paz e democracia à população".
(CJT)

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