São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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Até o próximo governo

Apesar do clima de otimismo apontado nas pesquisas, o plano de estabilização vem acumulando algumas tensões. Na entrevista que concedeu a esta Folha, publicada na edição de ontem, o ministro da Fazenda, Ciro Gomes, diz que pretende agir com energia para superá-las. Afinal, preservar a estabilidade da moeda e conduzir a economia sem maiores turbulências até o próximo governo é a principal responsabilidade da atual gestão.
Algumas das declarações parecem decorrer de uma forma própria de se expressar, o que não muda necessariamente o conteúdo das futuras ações. Descontadas questões de estilo, a declarada disposição de combater os oligopólios e pressionar os futuros governadores a ajustar os bancos estaduais é positiva.
A queda da inflação pôs às claras as consequências de administrações que vieram gastando irresponsavelmente, tomando empréstimos dos bancos estaduais sob seu controle até endividá-los excessivamente. Para sanear essas instituições parecem ser necessárias medidas de grande envergadura.
Nesse sentido, ainda que reconheça que as decisões sobre a administração e o destino dos bancos estaduais sejam da competência dos futuros governadores, a posição do ministro, aberta à possibilidade de privatizar essas instituições, sinaliza no sentido correto.
Além de dar encaminhamento à solução dos nós que ainda entravam uma estabilização duradoura, o que se espera do ministro –e do atual governo de modo geral– é que conduza atentamente a economia nos próximos meses, realizando o que os economistas denominam de "sintonia fina". Trata-se, em primeiro lugar, de manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda de produtos, ou seja, impedir que a escassez de algumas mercadorias ou um eventual excesso de consumo pressionem os preços para cima.
Neste momento ainda delicado do ponto de vista das expectativas, a atuação ágil e firme do governo tem especial importância. À medida que se espera o lançamento de iniciativas de mais longo alcance por parte do futuro presidente, o desafio atual de evitar tropeços e preparar o caminho é ainda maior.

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