São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Perícia vistoria depósitos de carga roubada

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-informante da Polícia Civil José Gonzaga Moreira, 50, o "Zezinho do Ouro", levou ontem uma comissão de cinco promotores, dois peritos criminais e um delegado a dois depósitos de cargas roubadas e a uma empresa "fantasma" que seriam usados e protegidos por policiais civis.
O primeiro depósito visitado fica na zona norte de São Paulo. Segundo o ex-informante, foi em frente a este depósito que policiais civis apreenderam e desviaram uma carga de tecidos da Nicoletti Indústria Têxtil S.A. em 30 de maio passado.
Nesta semana, o ex-informante havia entregue à Justiça uma etiqueta que, segundo ele, seria de um dos lotes de tecido roubados. A empresa confirmou que a etiqueta pertencia à carga roubada.
Os promotores não encontraram nenhuma carga no depósito, mas teriam localizado dois homens –um deles policial militar– que teriam presenciado a apreensão da carga de tecidos relatada por Zezinho do Ouro. As duas testemunhas, que são vizinhas do galpão, teriam sido intimadas a depor no caso.
Em seguida, Zezinho levou os promotores até um suposto depósito de éter usado para a fabricação de cocaína.
O depósito fica na zona norte. O galpão estava fechado e no local nada foi encontrado.
O último lugar visitado pelos promotores e por Zezinho do Ouro foi uma "arara" (empresa "fantasma" constituída para aplicar golpes, na gíria criminal).
A "arara" também estava fechada mas, segundo Zezinho do Ouro, foram achados documentos e restos de mercadorias compradas pela empresa.
Na próxima semana, o ex-informante deverá sair novamente com os promotores, os peritos e com o delegado para levá-los a outros locais que seriam usados por policiais para guardar mercadorias roubadas.
Os promotores que acompanharam Zezinho do Ouro foram indicados pelo procurador-geral José Emanuel Burle Filho. Eles estão acompanhando as investigações das denúncias feitas pelo ex-informante da Polícia Civil.
As denúncias estão sendo apuradas pela Corregedoria do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça de São Paulo) desde o final de maio.
Até agora, Zezinho do Ouro acusou mais de 50 policiais civis de crimes de extorsão, tráfico de drogas, desvio de cargas e recebimento de propinas pagas por bicheiros de São Paulo.

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