São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Vendas caem na 2ª semana de setembro

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da euforia de vendas registrada em agosto e nos dez primeiros dias de setembro, comércio e indústria passam a constatar recuo do consumidor.
Os supermercados de São Paulo deverão encerrar o mês com queda entre 2% a 4% nas vendas, em relação ao desempenho de agosto, informou Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
A queda atingiu também os hipermercados, que chegaram, na primeira quinzena, a registrar aumento real nas vendas.
No período, a concorrência foi acentuada devido às promoções de aniversário do Carrefour, o que provocou guerra de preços entre as grandes redes.
Encerradas as promoções, as vendas entraram em declínio, que foi sentido também pela indústria.
O setor de massas, que registrou incremento de 20% em agosto, está com carteira de pedidos estagnada desde a última semana, segundo Aloysio Quintanilha, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abima).
As vendas de açúcar também desaceleraram na segunda quinzena do mês, de acordo com Júlio Maria Borges, da Copersucar-União.
As grandes cervejarias do país, que chegaram a suspender pedidos na primeira quinzena do mês, já conseguiram normalizar a entrega na última semana.
Representantes da indústria acham que o aquecimento das vendas em agosto foi apenas uma "bolha de consumo", estimulada pela euforia do consumidor diante dos preços estáveis.
Os supermercados acreditam que o consumo voltará a subir no curto prazo.
"Tradicionalmente setembro é um mês fraco", diz Rodrigues Alves. "Outubro é mês de Dia da Criança, tem um final de semana a mais e a situação tende a ser revertida", afirmou.
À exceção dos setores que enfrentam queda na produção –como leite e carne bovina–, o menor consumo deverá segurar a pressão de fornecedores por aumento de preços.
A expectativa do comércio é a de que o recuo contribua também para eliminar problemas na reposicão de estoques.
A comercialização de produtos da área de limpeza e higiene pessoal, material de escritório e eletrodomésticos estava encontrando restrições devido à incapacidade da indústrias em repor estoques.
Já a oferta de carne bovina e de leite pasteurizado está em declínio. O motivo é a forte estiagem que atinge as regiões produtoras.
Atílio Ortolani, diretor comercial da Parmalat, registra queda de até 40% na captação de leite.
"Se não chover nas próximas semanas a situação tende a se agravar", afirmou o diretor comercial da Parmalat.
Geraldo Bordon, presidente do grupo Bordon, disse que o consumo de carne bovina continua desaquecido. "Houve pressão nos preços da arroba do boi gordo devido à seca", avalia.

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