São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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ALBERT EINSTEIN; NAPOLEÃO BONAPARTE; ALBERT CAMUS; SIGMUND FREUD

Para levar a nossa enquete além-túmulo, a Folha recorreu a "admiradores credenciados", verdadeiras tietes de algumas personalidades que mudaram a história da humanidade:

ALBERT EINSTEIN (1879-1955): Tarefa árdua indicar o ano mais feliz na vida de Einstein, a personalidade-síntese deste século. Não há consenso mesmo entre biógrafos. Depoimentos pessoais apenas revelam pistas. Por exemplo: Einstein admitiu que foi feliz em 1896, aos 17 anos, quando frequentou a escola da província de Aarau, Suíça. Lá, encontrou a liberdade que nunca teve no rígido sistema alemão. Era de se esperar que em 1905, ano da publicação de sua Teoria da Relatividade e outros dois trabalhos geniais, tenha sido o mais feliz. O mesmo vale para 1919, comprovação da Teoria da Relatividade Geral. Ou 1921, quando ganhou o Nobel. Mas um trecho sutil de "Einstein lived here" de Abraham Pais (Oxford University Press, 1994) pode contar a mais forte evidência (ainda que subjetiva) do ano –e até do momento– mais feliz na vida dele. Próximo à morte, em 55, ele recebeu a visita-reconciliação de seu filho mais velho, Hans Albert, então professor da Universidade da Califórnia. Talvez aí Einstein tenha se redimido de suas "inabilidades" como marido e pai. "Viver em harmonia duradoura com uma mulher foi uma tarefa na qual falhei desgraçadamente por duas vezes", disse ele certa vez. Como pai, não foi melhor. Não há indícios de que tenha sequer conhecido sua primeira filha, Lieserl, nascida antes do casamento formal com Mileva Maric. Eduard, seu filho mais novo, não mereceu maior atenção: esquizofrênico, perambulou entre clínicas até sua morte em 1965 em um centro psiquiátrico na Suíça. Hans Albert era, de certa forma, a redenção para o Einstein pai e marido. Era também pelo menos parte do testemunho de muitos momentos felizes do Einstein cientista, cidadão e pacifista. Depois do encontro, o maior cientista deste século com certeza morreu mais feliz –e enfim totalmente em paz. (por Cássio Leite Vieira, Especial para a Folha)

NAPOLEÃO BONAPARTE (1769-1821) - "O melhor ano da vida de Napoleão foi 1804, quando foi proclamado imperador da França. Foi um caminho longo para alguém que começou sua carreira como um simples tenente de artilharia, e ainda por cima nascido em uma província meio brega, a Córsega. Nesse ano Napoleão foi responsável por uma obra tão importante quanto suas batalhas: um código de leis, o código napoleônico, que influenciou toda a legislação ocidental desde então. 1805 poderia ser ainda mais agradável ao imperador corso, se não fosse um detalhe. Foi em 1805 que Napoleão venceu russos e austríacos em uma de suas mais magistrais batalhas, Austerlitz. Não é por nada que uma das estações de trem de Paris se chama Gare d'Áusterlitz."(por Ricardo Bonalume, Especial para a Folha)

ALBERT CAMUS (1913-1960): "Vivia na penúria, mas também numa espécie de regozijo". Assim o escritor Albert Camus descrevia sua juventude, na colônia francesa da Argélia. O lirismo dessa vida despojada, sob o sol mediterrânico, atingiria seu ápice em 1935, quando Camus escreve sua primeira obra literária: "O Avesso e o Direito". (por Manuel da Costa Pinto, da Reportagem Local)

SIGMUND FREUD (1856-1939) - "1899 porque ele terminou e mais tarde (em novembro) publicou a Interpretação dos Sonhos. Acho que ele ficou muito satisfeito porque foi seu primeiro grande livro e talvez sua obra decisiva. Na vida pessoal, ele já tinha seis filhos e parecia bem com a família. Apesar de ser ocupado, sempre teve tempo para a família, especialmente no verão e não havia conflitos. (por Peter Gay, biógrafo)

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