São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
Próximo Texto | Índice

Comprador paulistano é fiel ao bairro

GRAZIELE DO VAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Ligações afetivas com família e vizinhança e a proximidade com o trabalho. Esses fatores criaram uma característica marcante nos compradores de imóveis novos em São Paulo: a fidelidade ao bairro.
Em regiões como Santana (zona norte), Lapa (oeste), Aclimação (sul) e Mooca (leste), 70% das unidades vendidas estão nas mãos de antigos moradores.
"Essas pessoas têm poder aquisitivo para comprar um imóvel em qualquer parte da cidade, mas querem continuar vivendo no lugar onde nasceram", diz Odair Senra, diretor da Gafisa.
"Geralmente frequentam a mesma igreja e a mesma feira que os vizinhos e conhecem os outros moradores há anos", afirma Simon Goldfarb, dono da construtora Goldfarb, que atua no Ipiranga.
"Tivemos empreendimentos nos quais todos os apartamentos foram vendidos para os moradores de uma região", diz Goldfarb.
Segundo Marcos Camarota, 35, diretor da Camarota Incorporadora e Construtora, além do bairrismo, outros dois fatores pesam na hora da escolha: a perspectiva de valorização e o preço dos imóveis –em média, 20% mais baratos que os da zona sul ou dos Jardins.
"O morador também compra um imóvel para os filhos no próprio bairro", afirma o vice-presidente do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de SP), Sérgio Ferrador.
Para o presidente da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), Luiz Antônio Pompéia, a tendência é nítida nos bairros onde o processo de verticalização é mais recente.
"Em Higienópolis, os moradores não têm o mesmo comportamento. Podem comprar um imóvel nos Jardins sem que isso represente queda de padrão."
Segundo ele, os habitantes do Tatuapé, Ipiranga e Mooca, ao contrário, não admitem qualquer troca. "O avô nasceu ali, o pai também, e uma mudança implicaria em quebra da tradição", afirma Antônio Pompéia.
Para Ana Maria Heyden, diretora da imobiliária Lindenberg, da construtora Adolpho Lindenberg, o mercado imobiliário nos bairros mais tradicionais tem um comportamento atípico.
"Esses locais funcionam como municípios independentes e, mesmo em períodos de crise, os negócios permanecem aquecidos", afirma.

Próximo Texto: Corintiano Viola prefere o Tatuapé
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.