São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995
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Rússia decide manter ação militar na Tchetchênia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança da Rússia decidiu manter a ação militar na Tchetchênia a despeito da crescente oposição dentro e fora do país. O presidente Boris Ieltsin, no entanto, tomou medidas para reforçar seu controle da situação.
Ieltsin indicou o primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin para negociar com os líderes separatistas tchetchenos. O presidente também exigiu uma data para que o controle da crise passe para o Ministério do Interior.
As duas medidas indicam uma diminuição de poder do vice-premiê Nikolai Iegorov e do ministro da Defesa, Pavel Grachev, dois dos principais defensores da linha-dura contra os tchetchenos.
Ieltsin disse a Grachev durante a reunião que queria "informação absolutamente clara" acerca do cumprimento de suas ordens pelos militares na Tchetchênia.
Ieltsin ordenou há dois dias a interrupção dos bombardeios sobre Grozni, a capital. "Isso foi anunciado para o mundo inteiro e toda a Rússia sabe disso mas há informações de que não foram interrompidos", queixou-se Ieltsin.
Ontem, segundo a agência "France Presse", testemunhas diferentes informaram que o Palácio Presidencial de Grozni voltou a ser bombardeado por aviões.
O deputado Sergei Kovaliev se reuniu ontem com Ieltsin. Ele voltou de Grozni onde passou as três primeiras semanas da intervenção russa. Segundo ele, Ieltsin está mal-informado sobre o que se passa na frente de batalha.
Depois de sua reunião com Ieltsin, na qual disse que todos os informes oficiais sobre a guerra eram mentirosos, Kovaliev anunciou que o presidente afastou o diretor da rede de televisão estatal russa Oleg Potsov.
O vice-premiê Sergei Shakhrai disse que da solução da crise na Tchetchênia depende o futuro da Rússia toda. A crise "pode ter repercussões que apagariam a Rússia do mapa como um protagonista independente na história", disse.
Ele teme que a falta de controle sobre os tchetchenos se espalhe para outras regiões de tensão da Federação Russa.
Ontem, Grozni foi alvo de pesada carga de artilharia. A Rússia prepara o terreno para invasão por infantaria e pára-quedistas.
A agência "Interfax" divulgou informe de que 256 russos morreram na Tchetchênia. Não há números sobre vítimas tchetchenas.
Rebeldes tchetchenos ainda controlam o centro da cidade. Segundo a "Interfax", o líder separatista Djokhar Dudaiev não está em Grozni. Ele estaria escondido nas montanhas no sul da Tchetchênia.
Lá estariam se concentrando tropas tchetchenas para continuar a guerrilha se Grozni cair.
A chancelaria da Holanda convocou o embaixador russo no país para protestar contra a situação na Tchetchênia. A Holanda disse considerar "desproporcionados os meios" usados para controlar o movimento separatista.

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