São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Brasileiras estréiam em busca de vaga no Mundial

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A UBERLÂNDIA

A equipe da feminina do Brasil, que estréia hoje às 16h30, em Uberlândia (MG), contra o Equador, passou por um teste duro em sua preparação para disputar o Campeonato Sul-Americano.
O Sul-Americano vale uma vaga para o Mundial em junho, na Suécia, que, por sua vez, classifica as seis melhores equipes para a Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos), em 96.
A seleção brasileira fez três amistosos –uma vitória, um empate e uma derrota– contra equipes masculinas em Paraíba do Sul, cidade do interior fluminense.
No último, a equipe enfrentou o time local do Vila Nova, que distribuiu cotoveladas, empurrões e carrinhos contra as jogadoras.
Os homens perdiam por 1 a 0 e, até empatarem, não cansaram de agredir a seleção feminina. No final, as jogadoras tiveram que sair do escoltadas pela polícia.
"O combinado era enfrentar equipes juvenis, mas já na segunda partida começaram a entrar uns marmanjões", disse o técnico da seleção, Ademar Júnior, 31.
Somados o tempo em Paraíba do Sul e Uberlândia, a seleção vem se preparando há 40 dias.
Nas primeiras duas semanas, a prioridade era o condicionamento físico, coordenado pelo preparador Ricardo Pereira da Rosa.
"Nosso grupo é muito heterodoxo. Encontrei umas em excelente estado, mas outras estavam muito mal", disse.
Rosa, que trabalhava com os juvenis do Corinthians, aplicou vários testes de avaliação física.
Houve exames de impulsão, agilidade, velocidade e limiar anaeróbico (velocidade máxima atingida utilizando a força obtida através do processo de respiração).
O destaque entre as jogadoras foi a meia Sissi. Ela atingiu um desempenho sempre acima da média da equipe.
Os treinos táticos vieram depois, para dar um padrão de jogo.
Nas últimas duas semanas, o técnico Ademar Júnior fez coletivos entre titulares e reservas, sempre uma vez por dia.
Outra preocupação nessa fase final foi o treinamento de cobrança de faltas e pênaltis.
Nem todas as jogadoras são profissionais. A goleira Meg é professora de educação física, a lateral Fanta é inspetora de alunos e a lateral Rosa, funcionária pública.
Outras jogam futebol de salão e até dão aula em escolinha de futebol, como a meia Cenira.
Além dos problemas de estrutura que o futebol feminino enfrenta, surgem os de última hora. As mudanças na tabela causaram atritos entre a organização do evento, tendo à frente a Fifa (entidade controladora do futebol mundial), e as delegações dos países.
As equipes do Equador, Chile e Argentina ficaram insatisfeitas com a terceira tabela do torneio, divulgada anteontem.
Chile e Argentina não queriam se enfrentar hoje, às 19h. O Equador não gostou nada de saber que estrearia contra o Brasil hoje.

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