São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995 |
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'Irmãos Coragem' faz crítica social do país
ANNETTE SCHWARTSMAN
Um corte rápido transfere a imagem para a fictícia Coroado, onde Jerônimo Coragem (Ilya São Paulo) diz aos maltrapilhos pais (Laura Cardoso e Orlando Vieira) que o irmão famoso telegrafou avisando que vai chegar. Novo corte e o capanga Juca Cipó (o excelente Murilo Benício) obriga um garimpeiro a beber óleo de rícino para pôr para fora um diamante supostamente engolido. O contraste entre Brasil urbano e rural e a denúncia da usurpação do poder pelos bem abastados continuam sendo, 25 anos depois, a tônica da novela. O remake também preservou o coloquialismo realista da primeira versão. À ele, acrescentou doses de crítica social inspiradas em aspectos "modernos" –posteriores à obra original– como o regime semi-escravagista de Serra Pelada. Outros ângulos da realidade nacional também se revelam na adaptação, como quando Duda diz que, no Rio, a violência "é muito pior" que em Coroado. Plasticamente, a nova versão supera a original. O tratamento cinematográfico somado às locações bem escolhidas resultam em um produto esteticamente requintado. Quanto às interpretações, Marcos Palmeira parece reeditar suas atuações em "Pantanal" e "Renascer". A culpa não é dele. O fato de ter sido escolhido para ser João Coragem já denotava esse desejo por parte da Globo. Letícia Sabatella, apesar de seu talento, resvala na caricatura ao viver o duplo papel. Na pele de Lara, parece uma santa. Ao assumir a personalidade forte de Diana, faz acrobacias desnecessárias. Mas a trama bem construída e repleta de conflitos funciona e "Irmãos Coragem", a exemplo da primeira versão, só pode agradar o público. Texto Anterior: Ator começou aos 2 anos Próximo Texto: Ator já foi confundido com ladrão em gravação Índice |
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