São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Candidatos de FHC consolidam favoritismo

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os candidatos preferidos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) e o senador José Sarney (PMDB-AP), consolidaram seu favoritismo na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
Na Câmara, Luís Eduardo conseguiu anular uma reação dos pequenos partidos, que ameaçaram se aliar ao PMDB para derrotá-lo.
No Senado, para tentar barrar o crescimento de Sarney, o mais forte adversário na disputa, Pedro Simon (RS), ameaçou se tornar um "Carlos Lacerda" do governo em caso de derrota.
Lacerda (1914-1977), jornalista e político, fez ferrenha oposição ao governo Getúlio Vargas na década de 50. Foi, mais tarde, deputado federal e governou o então Estado da Guanabara, nos anos 60.
A disputa por espaço no governo tem levado os partidos a buscar o entendimento com Luís Eduardo. O líder do PFL tem sido um representante dos parlamentares junto ao governo.
Os partidos aliados ao Planalto sabem que enfrentar Luís Eduardo pode tornar difícil a ocupação de espaços no governo. Os cargos de segundo e terceiro escalões serão preenchidos após a eleição dos presidentes da Câmara e Senado.
Ação do governo
Alijados do Ministério e da primeira reunião do Conselho Político, o PP e o PL, que ajudaram a eleger FHC, tiveram uma reunião com partidos de esquerda na semana passada para discutir a presidência da Câmara.
Um acordo deste bloco com o PMDB tiraria a presidência do PFL. Mas os aliados do governo agiram rápido.
O vice-presidente Marco Maciel ligou para o líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP), e marcou reunião para a próxima quarta-feira.
O presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), também entrou em campo e começou a minar a unidade do bloco de pequenos partidos.
Primeiro, anunciou que qualquer partido, e não apenas o maior, poderá lançar candidato. Esta regra estimula um racha no PMDB, que se divide entre o apoio a Luís Eduardo e uma candidatura própria.
Se o PMDB não lançar um candidato forte, parte da bancada poderá fechar um acordo com Luís Eduardo nos bastidores.
Depois, Inocêncio procurou Costa Neto e agendou um encontro entre o líder dissidente e Luís Eduardo. "O Luís Eduardo pode procurar o seu grupo?", perguntou Inocêncio. "Pede para ele nos procurar", afirmou Costa Neto.
Os pequenos partidos divulgaram uma nota onde defendem uma candidatura independente do Palácio do Planalto. Mas nem mesmo esta exigência afasta Luís Eduardo do PL e do PP.
"Se o Luís Eduardo assumir este compromisso de independência, tudo bem. Podemos apoiá-lo", diz Costa Neto.
A liderança do PTB se negou a participar da reunião porque já tem compromisso com Luís Eduardo. Apesar de participar da reunião, o líder do PPR, Marcelino romano (SP), reconhece que o acordo com o PFL está praticamente fechado.
O líder do PP, Raul Belém (MG), afirmou ontem que Luís Eduardo "estava com uma estratégia equivocada", porque vinha "conversando só com o Executivo". Ele diz ter gostado da iniciativa do pefelista de procurar os partidos aliados.
O líder do PFL já conversou com o líder do PTB, Nelson Trad (MS), e vai encontrar o líder do PL na próxima semana.
O líder em exercício do PT, Jaques Wagner (BA), afirma que o cargo de presidente da Câmara está sendo visto por Fernando Henrique Cardoso "como mais um ministério, que pode ajudar na acomodação dos seus aliados".

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