São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Consumidor paga preço igual no varejo

DA REPORTAGEM LOCAL

O produtor argentino produz leite a um custo 25% mais baixo do que seu colega brasileiro. Isso em relação ao leite C.
No entanto, o preço pago pelo consumidor na Argentina hoje, em dólar, fica próximo dos valores do leite C brasileiro.
Segundo os pesquisadores Mauro de Rezende Lopes, da Fundação Getúlio Vargas, e Marcos Sawaya Jank, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, esses dados comprovam que o Brasil é mais competitivo na distribuição e no processamento do leite.
O produtor argentino vende o litro de leite entre US$ 0,14 e US$ 0,22, de acordo com a qualidade, enquanto seu colega brasileiro recebe de R$ 0,22 a R$ 0,25, em média, pelo tipo C.
Essa diferença reflete os custos menores dos argentinos com alimentação, sanidade e reprodução de seu rebanho leiteiro.
"A Argentina começa, entretanto, a 'perder' sua competitividade nos itens energia, reparos de máquinas e equipamentos, depreciações e transporte do leite", revela o estudo.
Um documento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) assinala que os laticínios brasileiros estão melhor equipados em capacidade instalada e tecnologia de produção.
O leite nacional, avaliam os pesquisadores, poderia ser competitivo também no mercado externo, além das fronteiras do Mercosul, caso os preços internacionais do produto não fossem rebaixados por subsídios e o país não exportasse impostos.
Para os pesquisadores, o Brasil adotou uma política equivocada para o leite.
"Considera o produto como importável, assumindo o pressuposto de que não tem competitividade no mercado internacional", diz o estudo.
O consumo per capita de leite no Brasil varia de 90 a cem litros por ano, enquanto o argentino bebe de 180 a 200 litros.
A produção brasileira soma cerca de 15 bilhões de litros anuais. No entanto, apenas cerca de nove bilhões de litros são fiscalizados.

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