São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Violista expandiu Gnattali

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

O disco "Memorable Strings" foi lançado nos anos 60, com tiragem e repercussão restritas. O único defeito da versão em CD está em não trazer a data da matriz.
O trabalho de remasterização analógica traz de volta o vigor interpretativo do violista húngaro naturalizado brasileiro Perez Dworecki, a precisão do pianista Fritz Jank (1910-1970) e o romantismo da extinta Orquestra Filarmônica de São Paulo, regida pelo maestro argentino Simon Blech.
A orquestra exibe uma coesão hoje inalcançável pelas similares brasileiras em atividade. Era aquele tipo de grupo que não tinha receio de tocar de forma derramada peças como o "Adagio", de Kodály, e as "Três Canções Húngaras", de Béla Bartók.
Dworecki explora todas as consequências da "Sonata para Viola e Piano Op. 120 nº 1", de Brahms, em duo com o virtuose Jank. No "Concerto pra Viola e Orquestra", de Radamés Gnattali, obra pouco tocada, mas fundamental para a compreensão do nacionalismo brasileiro, o violista expande as estruturas melódicas e rítmicas, tocando no nervo da ambiguidade tonal do compositor.
Esse CD histórico guarda a prova de que é possível praticar música de alta qualidade em território nacional. É uma mensagem de rigor vinda do passado.
(LAG)

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