São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Evasão fiscal; Confiança em Covas; Tolerância e malandragem; Direitos humanos; Violência no estádio; Ausência de Lélia; Publicidade de cigarros; Punição à solidariedade

Evasão fiscal
"Considero a matéria publicada dia 8/01, 'BC apura evasão fiscal em remessa de lucro', de uma importância esclarecedora valiosíssima a toda nação. Há tempo que pairam fortes indícios de manobras de algumas empresas multinacionais que sonegam ao Fisco dados que fatalmente acarretariam pagamentos de tributos que muita falta têm feito ao Tesouro Nacional. Manobras consistem não só na remessa disfarçada de lucros, como também nas incorporações, transferência de controle acionário, encerramento de empresas com aproveitamento do número do CGC para outra com classificação tributária diferente da anteriormente autorizada etc. Acreditamos que o BC continuará firme no propósito destas apurações, pois certamente culminará com a cobrança de muitos tributos aos cofres da União."
Nilson Baracat (Fernandópolis, SP)

Confiança em Covas
"Sempre fui eleitor do sr. Mário Covas. Sempre confiei e ainda confio no trabalho dele, agora como governador. Ultimamente, apesar do pouco tempo que ele está como governador, não estou gostando do procedimento que tem adotado. Parece-me que está mais preocupado em apontar falhas do seu antecessor do que resolver os problemas do Estado. Esperamos que não venha terminar o seu governo com o mesmo discurso dos outros, alegando falta de dinheiro, pessoal em demasia, estrutura dilacerada etc. Precisamos de soluções e contamos com isso."
Gerson Rossi (Osasco, SP)

Tolerância e malandragem
"Nós brasileiros nos orgulhamos de ser um povo pacífico, cordial e amável. E realmente demonstramos isso em todas as circunstâncias. Nos congestionamentos, muitos veículos ultrapassam pelo acostamento e, mais adiante, os que ficaram horas na fila deixam entrar na frente e, pasmem, com sorriso. Esse espírito pode ser transferido para a área política, onde o povo se calou diante do acinte dos senadores do 'cafezinho'. Nos países do Primeiro Mundo isso jamais ocorreria, pois bem sabem das consequências."
Gijo Kikuti (São Paulo, SP)

Direitos humanos
"O embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, tendo vivido anos no exterior em contato com potentados e aristocratas, perdeu a noção da realidade brasileira. Ao negar as denúncias sobre constantes violações de direitos humanos em nosso país (pág. 1-3, 9/01), mostrou que nem ao menos lê esta Folha, onde jornalistas como Clóvis Rossi, Gilberto Dimenstein e Janio de Freitas –entre outros– não cessam de apontar o descaso dos poderes públicos para com os excluídos de toda sorte. Basta lembrar alguns exemplos de uma lista de horrores: o lenocínio envolvendo meninas e adolescentes; a 'faxina' desencadeada por Paulo Maluf contra os miseráveis do centro de São Paulo; a impunidade dos responsáveis pelo massacre do Carandiru; o trabalho escravo em fazendas de vários Estados; e, ainda, o fato estarrecedor de que, até hoje, nenhum dos mandantes de assassinatos no campo foi sequer processado criminalmente."
Maria Victoria de Mesquita Benevides (São Paulo, SP)

"É absurda a indignação do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima contra as denúncias de violação dos direitos humanos feitas pela Anistia Internacional e outras ONGs (Folha, 9/01). No que se refere aos homossexuais, o Grupo Gay da Bahia possui documentos comprovando graves casos de discriminação antigay, inclusive dentro do próprio Itamaraty. Enquanto no Brasil um jornal –o maior do Norte e Nordeste– publicar impunemente: 'Mantenha Salvador limpa, mate uma bicha (sic) todo dia!', temos de dar crédito a quem: ao melífluo embaixador ou à Anistia Internacional?"
Luiz Mott, membro da Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas (Salvador, BA)

Violência no estádio
"Manifesto minha indignação quanto à recepção que as torcidas uniformizadas do Santos tiveram aqui em Guaratinguetá quando da realização da primeira rodada da Copa São Paulo de Juniores. Como esportista e são-paulino, frequentador de estádios, sei que algumas torcidas não são 'flor que se cheire', mas os santistas entraram calados e sairam apedrejados. E, infelizmente, por falha na organização, a Polícia Militar não foi comunicada a contento. Por pouco uma tragédia não aconteceu."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Ausência de Lélia
"A Globo, criada em 26/04/65 na gestão Castelo Branco (auge da ditadura), comemora seus 30 anos e reexibe o primor de 'O Tempo e o Vento'. Oportunidade ímpar de rever a inesquecível minissérie e Lélia Abramo, que tão bem interpreta Bibiana. Lamentável e questionável a ausência desta premiada atriz, que muito fez pelo teatro, cinema e TV do país e que teve sua carreira na TV estorvada pela Globo, por motivos políticos e não artísticos. Com tal atitude quem perde é o público, sempre à mercê dos desmandos da emissora."
Joceley Minozzi (São Paulo, SP)

Publicidade de cigarros
"O novo governo brasileiro mostra-se moralista e arrogante em relação à publicidade de cigarros e isso é um grande erro pois, na verdade, está agindo contra si mesmo. Ao invés de proibir este tipo de veiculação, que gera milhares de empregos diretos e indiretos em todo o país, e se arriscar a perder bilhões de reais pagos em impostos pela indústria do fumo, o governo deveria ser competente e lutar para acabar com o contrabando de cigarros, que não enche os seus cofres e que representa uma concorrência desleal a quem trabalha honestamente no Brasil."
Gracindo Caram (São Paulo, SP)

Punição à solidariedade
"Venho manifestar minha profunda indignação com o ocorrido com a cidadã Angela Cristina de Araújo Fonseca e suas irmãs (Painel do Leitor, 24/12). Vocês foram punidas por possuírem algo que boa parte do nosso 'intocável' Poder Judiciário não possui: sentimentos. Isto é Brasil, um país onde as poucas pessoas que se preocupam e se solidarizam com outras são castradas e proibidas de atuarem por homens que se julgam donos da verdade."
Rodrigo Augusto Ribeiro (São João da Boa Vista, SP)

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