São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Imagem viabiliza volta de Romário

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O "pool" de seis empresas associadas ao Flamengo para a contratação do atacante Romário vai transformar o jogador num supergaroto-propaganda no Brasil e no exterior.
As cinco primeiras empresas envolvidas no negócio eram a Brahma, o Banco Real, a Umbro, o Barrashopping e a TV Bandeirantes.
O presidente do Flamengo, Kléber Leite, disse ontem que também a Petrobrás, patrocinadora do clube, investirá uma verba suplementar para viabilizar a volta do jogador ao Brasil.
A Petrobrás paga anualmente US$ 950 mil ao Flamengo pelo patrocínio de futebol, vôlei e outros esportes.
O clube carioca promete pagar até hoje ou amanhã entre US$ 4,5 milhões (segundo o clube brasileiro) e US$ 5 milhões (segundo o clube espanhol) para comprar o passe de Romário junto ao Barcelona.
A verba será assegurada integralmente pelas empresas –o clube acumula dívida de pelo menos US$ 24 milhões e não tem dinheiro para investir.
O Banco Real, além de uma parcela em dinheiro de cerca de US$ 1 milhão, é o responsável pela operação logística da compra do passe (transferência de dólares para o exterior etc.).
Daqui a duas semanas o banco lança um cartão de crédito por afinidade com a imagem do atacante brasileiro.
O Barrashopping, maior shopping center do Rio de Janeiro, vai produzir uma campanha publicitária explorando a imagem do atacante.
O jogador e, principalmente, sua mulher, Mônica, são frequentadores assíduos do shopping quando estão no Rio.
O apartamento do casal fica no mesmo bairro do shopping, a Barra da Tijuca (zona sul do Rio).
A Brahma já tem um contrato de publicidade com Romário desde antes da Copa do Mundo dos EUA.
A empresa deve lançar novas peças publicitárias com ele, para dar sequência à que está em exibição na TV, com Romário mostrando o dedo ("número 1").
A TV Bandeirantes integra o "pool" oferecendo espaço publicitário para as outras empresas veicularem seus anúncios.
Nas semanas finais da Copa do Mundo, Romário se negou a conceder entrevista à emissora paulista, acusando-a de "torcer contra a seleção" e "fazer campanha" contra o lateral-esquerdo Branco, seu amigo.
A emissora nega as acusações do atacante.
A inclusão da multinacional norte-americana Umbro no negócio foi cercada de cuidados. Romário mantém contrato com outro fabricante de material esportivo, a multinacional Nike.
Como a Umbro é a fornecedora de material para o Flamengo, Romário usará seus produtos durante treinos e jogos. Por isso a Umbro do Brasil associou-se ao clube para contratar o atacante.
A novidade é a presença da Petrobrás no "pool". A empresa tem negado que aumentará o investimento no Flamengo, mas Kléber Leite disse ontem que o acordo deve ser anunciado em poucos dias.
Se confirmada, a decisão da empresa entra em choque com a posição do ministro extraordinário dos Esportes, Édson Arantes do Nascimento, 54, o Pelé.
O ministro se opõe ao investimento de estatais no esporte profissional.
Quer que as empresas públicas patrocinem atividades esportivas de "caráter social".
O presidente do Flamengo disse ontem não temer a eventual superexposição de Romário na mídia.
"Não há esse risco. O importante é que a 'operação resgate' de Romário inaugura um novo tipo de parceria entre clube e jogador."
As empresas estão autorizadas a usar a imagem de Romário no exterior.
A Brahma, por exemplo, pode incluí-lo na campanha publicitária que desenvolve na Argentina.
A Umbro, por exemplo, utiliza a imagem da seleção brasileira, para a qual fornece o uniforme, em todo o mundo –embora, individualmente, a maioria dos atletas seja contratada de outras empresas.
Nos bastidores do estádio do Flamengo, na Gávea (zona sul), ninguém está certo de que Romário vai participar e se empenhar em todos os treinos ou se viajará a estádios esburacados no interior, como o do Itaperuna (região norte).
A única certeza é que Romário será visto à exaustão em anúncios televisivos, impressos e em cartazes publicitários.

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