São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995 |
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Cargos provocam conflitos entre pefelistas e tucanos
GABRIELA WOLTHERS; LUCAS FIGUEIREDO
O próprio presidente do PFL, Jorge Bornhausen, já deixou clara sua insatisfação em reunião nesta semana com FHC. Ele reclamou que os ministros do PSDB estão substituindo pefelistas por tucanos nos cargos chaves do governo. Um exemplo usado pelos pefelistas é o caso da Secretaria de Política Comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. A secretaria é responsável pela política do setor de café e, depois da reforma administrativa de FHC, pelo setor de açúcar e de álcool –setores considerados estratégicos para o governo. A ministra Dorothéa Werneck, 46, exonerou Frederico Robalinho e nomeou para o posto um economista de sua confiança, o mineiro Luís Milton Costa. Dorothéa, que chefiou a pasta do Trabalho no governo Sarney (1985-1990), integra o governo FHC por indicação do PSDB de Minas. A troca de Robalinho irritou a cúpula pefelista. O ex-assessor é ligado a Bornhausen e ao vice de FHC, Marco Maciel. Ele estava na função desde a gestão de José Eduardo de Andrade Vieira, no governo Itamar Franco. Assessores de Dorothéa afirmam que o critério usado para a composição do segundo escalão da pasta é a competência técnica –e não critérios políticos. As reclamações dos pefelistas acabaram brecando as nomeações dos presidentes da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) e da Secretaria Executiva das Zonas de Processamento de Exportação. Estes dois cargos são os únicos aos quais a ministra ainda não definiu os titulares. Atualmente, a secretaria é ocupada por Helson Braga, ligado a Bornhausen. O PFL também pleiteia a presidência da Embratur. O partido não aceita perder estes dois postos. A alegação de Bornhausen é de que os tucanos estão traindo o acordo feito entre os partidos que apóiam o governo –PSDB, PFL, PTB e PMDB. O Conselho Político, formado pelos presidentes desses partidos, havia decidido que os cargos de segundo e terceiro escalões só seriam preenchidos após a posse do novo Congresso, que ocorrerá em 1º de fevereiro. Os pefelistas também reclamam que os ministros ligados ao PSDB estão tomando decisões e dando declarações que dificultam o relacionamento entre o governo e o Congresso. Mantendo o bom humor, o líder do PFL na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (BA), fez até uma lista dos atritos já ocorridos. Em primeiro lugar, está a decisão do ministro do Planejamento, José Serra, de suspender o pagamento dos salários dos parlamentares, que deveria ter sido efetuado na terça-feira passada. Serra alega que o Orçamento da União ainda não foi sancionado. O mesmo ministro já afirmou que vai cortar emendas à lei orçamentária que foram apresentadas por parlamentares com o objetivo de atender suas bases políticas. O último caso foi o do ministro da Administração Federal e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira. Ele afirmou que os funcionários públicos não estáveis e considerados desnecessários serão demitidos (leia reportagem abaixo). A maioria conseguiu emprego graças a indicações políticas dos parlamentares. Texto Anterior: Conduzindo Mr. Chubaci Próximo Texto: Bresser recua sobre demissões Índice |
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