São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Estudante morre ao cair de mirante do Masp

MARCELO GODOY; VICTOR AGOSTINHO

MARCELO GODOY
VICTOR AGOSTINHO
Da Reportagem Local
O estudante Marcelo Chedib Mignon, 18, subiu no parapeito do vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), escorregou, caiu de uma altura de 11 metros e morreu. A queda aconteceu na madrugada de ontem.
Mignon estava com outros quatro estudantes no Masp (região central de São Paulo). Sua morte foi instantânea.
Eles estavam comemorando o aniversário do estudante Luciano Momesso Alcântara, 22, e a aprovação de Mignon no vestibular para a Faculdade de Medicina de Marília (interior de SP).
A comemoração havia começado no bar Opção, próximo ao Masp. Os estudantes beberam e, por volta de 23h50, decidiram passear no museu.
Alcântara subiu no banco do belvedere (mirante) do vão livre do Masp, de onde pode-se ver parte do vale do Anhangabaú. Ele disse no 4º DP (Consolação) que queria "apreciar a vista".
Mignon seguiu o amigo e também subiu no parapeito do banco, que tem cerca de 20 centímetros de largura. Ele teria se desequilibrado e caiu no piso do restaurante do museu.
A queda, pelos cálculos do físico Walter Castro, 36, deve ter demorado 1,38 segundo e o corpo deve ter atingido o chão a uma velocidade de 49,6 km/h. A altura de 11 metros equivale a do 4º andar de um prédio.
Mignon estava fazendo cursinho Anglo, na rua Tamandaré (região central). Ele ainda esperava os resultados dos vestibulares para os cursos de medicina da USP, Vunesp e Unicamp.
Seu pai, o médico Décio Mignon, é chefe do setor de hipertensão do Hospital das Clínicas. Sua mãe, Carmem Mignon, é psiquiatra. Os parentes não quiseram comentar a morte do estudante.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. "Acredito na possibilidade de acidente, mas precisamos esperar a conclusão do laudo da perícia", disse a delegada Siomara Tomaz de Carvalho, titular do 4º DP.
O arquiteto Julio Neves, presidente do Masp, disse ontem que uma equipe do museu já estava estudando mudanças no prédio para melhorar a segurança do local. Não há grades.
"Os estudos estão sendo feitos e serão encaminhados para o Condephaat (que cuida do patrimônio histórico) aprovar", afirmou Neves. O Masp é tombado e qualquer mudança arquitetônica precisa ser aprovada pelo Condephaat.
O prédio do Masp pertence à prefeitura e está cedido ao museu em comodato (contrato de empréstimo). Foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi no final dos anos 50 e tem em seu vão livre a principal característica arquitetônica.

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