São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Departamento de limpeza cria museu do lixo em Juiz de Fora

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) de Juiz de Fora, Minas Gerais, criou o Museu do Lixo. Nele, fica exposto à visitação pública um acervo composto de objetos encontrados no lixo da cidade.
O museu foi idealizado pelo diretor do órgão, Newton Werneck, com o objetivo de "retratar hábitos e costumes dos moradores de Juiz de Fora de várias épocas".
Existem cerca de 200 objetos em exposição. Eles foram encontrados por lixeiros da prefeitura, que são orientados a encaminhar ao museu qualquer peça de valor. Em Juiz de Fora, são recolhidas diariamente 25 toneladas de lixo.
Entre outros objetos, estão em exposição um gramofone, rádios, relógios de parede, armas antigas, livros e discos raros. Uma das peças que chama mais atenção é um livro de contabilidade de 1877.
"É curioso encontrarmos coisas antigas nos lixos de hoje", disse Werneck. Ele acredita que a qualidade do material encontrado durante a coleta de lixo revela um aspecto do comportamento dos moradores de Juiz de Fora. "As pessoas não preservam os objetos antigos. É um hábito que deixou de existir", disse Werneck.
Os objetos antigos coletados para o museu também refletem os costumes e a história dos habitantes da cidade. Segundo Werneck, o tipo de lixo encontrado também é um "fator de avaliação econômica" da vida das pessoas.
Werneck teve a idéia de organizar o museu após ler uma reportagem sobre o tratamento que os europeus dão às suas sobras, buscando reutilizar materiais.
Em Juiz de Fora, as peças encontradas no lixo são limpas e catalogadas por um funcionário da Demlurb. Depois, são expostas em prateleiras. Cada objeto tem uma etiqueta com o local e a data em que foi encontrado.
O diretor do órgão acredita que os lixeiros se sentem estimulados a procurar as peças entre o material recolhido. "A coleção desperta o interesse intelectual deles."
Nenhum objeto do museu está à venda. Vários colecionadores já se interessaram em adquirir algumas peças para levá-las a antiquários. "Não há restauração do acervo. Apenas limpamos e colocamos as peças em exposição", disse.

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