São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Estrangeiro repatriou apenas US$ 15,81 mi

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Thomas Tosta de Sá, 55, tentou tranquilizar o mercado ontem ao classificar de insignificante a repatriação de recursos estrangeiros aplicados nas Bolsas de Valores após a crise no México.
Em dezembro último, a saída líquida de capitais estrangeiros investidos nas Bolsas brasileiras foi de US$ 15,81 milhões. Esse foi o saldo negativo entre as entradas de US$ 1.811,16 milhões e saídas de US$ 1.826,97 milhões.
Os dados desmontam o mito de que as vertiginosas quedas nas Bolsas de Valores até o último dia 10 foram causadas pela fuga maciça de investidores estrangeiros. A Folha apurou em São Paulo que, nos primeiros dez dias de janeiro, pelo menos três grandes bancos estrangeiros –Banco de Boston, Citibank e Chase Manhattan– estão recebendo recursos novos de investidores estrangeiros que superam os resgates.
Tosta de Sá criticou o Banco Central por não divulgar diariamente os dados oficiais sobre a entrada e saída de capitais estrangeiros nas bolsas, alegando que isso ajudaria a afastar os boatos de fuga de capitais.
Em setembro, o saldo negativo foi de US$ 319 milhões, portanto, bem superior ao registrado em dezembro. O saldo positivo dos investimentos estrangeiros nas Bolsas brasileiras em todo o ano foi de US$ 3.754,17 milhões, resultante de entradas de US$ 20.532,41 milhões e saídas de US$ 16.778,24 milhões.
Tosta de Sá argumentou que a queda nas Bolsas de Valores durante o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi de 62% (entre maio e novembro de 1992), portanto bem superior à registrada do início da crise do México até ontem, de 22%.
Ele defendeu a retirada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 1% sobre a entrada de dinheiro estrangeiro destinado às Bolsas. Esse imposto não existe nos demais países do Mercosul.
Segundo o presidente da CVM, a oscilação nas Bolsas se deve à concentração das negociações em poucos papéis de maior liquidez. Na sua opinião, existem várias razões para que os investidores estrangeiros continuem aplicando no Brasil. A principal delas é a alta rentabilidade.

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