São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo suspende acordo da Telebrás

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Comunicações determinou ontem a suspensão de 12 cláusulas do acordo coletivo dos trabalhadores do sistema Telebrás, publicado no "Diário Oficial" em 21 de dezembro de 1994.
O acordo coletivo de trabalho, segundo parecer da assessoria jurídica do ministério, contraria a política econômica do governo e confronta a legislação vigente.
A Fittel (Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações) ameaça convocar greve em protesto à decisão do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, 54.
"Vamos chamar assembléias e parar o setor de telecomunicações em todo o país", disse ontem o diretor da Fittel, Marcelo Beltrão. A categoria dos telefônicos é formada por 90 mil trabalhadores.
Motta comunicou a decisão ao presidente da Telebrás, Jorge Jardim, ao Ministério do Trabalho e à Advocacia Geral da União.
O último item do parecer feito pelos consultores jurídicos aconselha ação judicial, com pedido de liminar para a suspensão das 12 cláusulas, caso os trabalhadores decidam confrontar a decisão.
O governo alega que o acordo permite a interpretação de que os salários podem ser corrigidos com prazo inferior a um ano.
Com isso, os funcionários das 30 empresas que fazem parte do sistema Telebrás poderiam ter reajustes fora da data-base. Isto também estimularia as ações judiciais por parte dos trabalhadores.
O pagamento do vale-refeição, a cláusula que propicia indexação dos salários aos benefícios de outras estatais, a possibilidade de reajuste mensais, de estabilidade para quem precisa apenas de três anos para se aposentar e garantia de emprego em função de melhorias tecnológicas são as principais preocupações do governo.
Segundo o parecer, o valor do vale-refeição foi indexado ilegalmente. O cupom, que valia 4,98 URVs em novembro de 1993, passou para R$ 9 em dezembro. Este reajuste traz embutido um acréscimo de 56% acima do IPC-r de julho a novembro de 1994.
A decisão de suspender o acordo foi acertada quinta-feira, numa reunião entre o ministro Sérgio Motta, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Andrea Calabi, e o secretário do CCE (Conselho de Controle das Estatais), Luiz Fernando Wellisch.
Ontem, a assessoria do ministro das Comunicações fazia questão de esclarecer que os salários diretos não serão alterados, já que foram suspensas cláusulas que modificam apenas benefícios.

Texto Anterior: Salário de nível técnico é maior
Próximo Texto: Paiva defende fim de contribuição sindical
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.