São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 1995
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Timidez e união

CIDA SANTOS

Uma semana de muita adrenalina na Superliga: sábado é dia de jogo entre BCN e Leite Moça. Um clássico totalmente paulista com muita rivalidade em quadra. O Leite Moça tem o trio de ouro da seleção: Ana Moser, Fernanda e Ana Paula. O BCN tem a capitã Ana Flávia e uma nova geração disposta a ir à luta.
O exemplo mais claro é Fernandinha Doval, 19 anos e 1,90 m. Vale a pena prestar atenção nela durante uma partida. No ataque, repare até onde chega a sua mão. Ela alcança a bola a 3,20 metros do chão. Uma marca nada modesta. Basta pegar a ficha da seleção brasileira no guia oficial do último Mundial. A jogadora com maior alcance era Hilma, com 3,12 m.
O técnico do BCN, Cláudio Pinheiro, é quem melhor define o vôo de sua atleta em busca da bola. Diz que Fernandinha é tão leve, que lembra uma folha de papel. Quando desce de um ataque, parece que vem até planando. Ela ataca de todas as posições da quadra. É dela que vem a segurança da equipe. Quando o passe não sai, a solução é bola alta pra ela bater.
O BCN teve uma prova de fogo na última quinta-feira, contra o Sollo/Tietê. Foi o jogo mais longo do campeonato: 2h30min. A vitória suada não foi por acaso. O Sollo tem sido uma das surpresas da Superliga. Já venceu o L'Acqua di Fiori, de Márcia Fu e Hilma, e o Nossa Caixa/Recra, de Estefânia.
Um dos destaques do Sollo é a levantadora Fofão, que pela primeira vez deixa de ser coadjuvante para ser a principal estrela de uma equipe. Tímida, Fofão é conhecida por falar pouco. O técnico Cacá Bizzocchi diz que ela é uma espécie de Ademir da Guia do vôlei. É uma grande jogadora, mas se os outros não fizerem propaganda dela, ela também não faz.
O estilo de poucas palavras de Fofão já rendeu histórias. Circula no vôlei um diálogo de como seria uma briga entre ela e a também superquieta Fátima, atacante do Recra. Fátima diria "pô". E Fofão: "ah!". Na quadra, Fofão vem dando o que falar. Cacá diz que ela está se tornando uma levantadora mais ousada.
A meta do Sollo é chegar entre as cinco primeiras colocadas. Uma das armas do time é a união. E não é para menos. A equipe vive praticamente em comunidade. As jogadoras se dividem em três casas. Os cinco integrantes da comissão técnica também não se separam. Eles moram juntos em uma casa de Tietê. Lá, como não poderia deixar de ser, a conversa é uma só: voleibol.

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