São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995 |
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Índio guajajara é morto em aldeia no Maranhão
CRIS GUTKOSKI
O índio guajajara Manoel Mendes, 46, foi morto ontem, baleado na cabeça, na aldeia dos krikatis, em Montes Altos (694 km ao sudoeste de São Luís). Ele foi levado para o Hospital Santa Mônica, em Imperatriz, e operado à tarde. Morreu às 20h locais (21h em Brasília). O tiro de espingarda cartucheira produziu oito orifícios no lado direito da cabeça de Mendes, segundo o neurologista Edson Pacheco. O acidente acirra ainda mais o conflito entre os krikatis e os lavradores e posseiros da região, provocado pela demarcação dos 146 mil hectares da aldeia. A tribo krikati suspeita que o autor ou mandante do crime tenha sido o posseiro Jaime Jardim, que tem terras e cria gado na aldeia. Segundo a filha de Mendes, Carmosina, 18, o índio estava sendo ameaçado pelo cunhado de Jardim, Gerson. "O Gerson mandou avisar que tinha seis balas para botar na cabeça do pai", contou. A Agência Folha tentou encontrar Jardim, mas não conseguiu localizá-lo em nenhuma de suas duas casas. Os krikatis estavam se preparando ontem para reagir ao ataque e aguardavam orientações de um grupo de líderes que está há dez dias em Brasília para uma audiência com o ministro da Justiça, Nelson Jobim. "No dia em que um índio for ferido, se a gente encontrar um branco pela frente é para matar", disse ontem o líder Krikati Torino, antes de chegar à aldeia, às 10h30, e saber que Mendes fora baleado. Manoel Mendes estava sozinho na hora do disparo, ouvido pelos krikatis por volta de 6h. Ele ia para a roça, a 6 km da sede da aldeia. O delegado Vicente Pereira Ramos, 49, disse ontem que o posseiro Jaime Jardim havia registrado queixa contra Mendes depois que o índio matou uma de suas vacas com um tiro de espingarda, em setembro. O delegado ainda não abriu inquérito. Disse esperar um comunicado oficial do Funai sobre o assassinato. Texto Anterior: Senado apura ligação de Teixeira com grileiro Índice |
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