São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995 |
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Déficit comercial não será mantido, afirma Dorothéa
CLÓVIS ROSSI
O problema é que pelo menos uma das causas para o déficit mais elevado de dezembro é agora permanente. Pelo que a Folha apurou, a primeira estimativa (a dos US$ 47 milhões) se deveu ao fato de a Secretaria de Comércio Exterior do MICT ter cometido o erro técnico de fazer projeções para dezembro com base nos dados de outubro. Não incorporou, por isso mesmo, dois elementos que fizeram explodir as importações: vendas pelo Correio (facilitadas primeiro e, depois, submetidas a novas e mais rígidas regras) e antecipação da TEC (Tarifa Externa Comum). A TEC foi imposta pela entrada em vigência do Mercosul, o acordo comercial que engloba Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Significa que os quatro adotam tarifa de importação idêntica (e mais baixa do que a anterior). Ocorre que a TEC, em vez de vigorar a partir de 1º de janeiro, junto com a oficialização do Mercosul, foi parcialmente antecipada para outubro. Mas a nova TEC é agora definitiva e, portanto, continuará funcionando como estímulo às importações. Tanto o ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, como Dorothéa disseram ontem à Folha, separada mas coincidentemente, que a tendência é a de não se repetir o déficit. Essa expectativa combina com os números relativos aos 14 primeiros dias do mês, que, conforme a Folha mostra hoje, apontam um superávit, em operações comerciais, de US$ 58,6 milhões. É verdade que tais números referem-se a fechamentos de câmbio e não a importações e exportações propriamente ditas. Mas sempre apontam uma tendência. O governo não parece ter claro qual o saldo que pretende manter na balança comercial, que será, de todo modo, inferior aos mais de US$ 10 bilhões anuais dos últimos anos. Vai depender do fluxo de investimentos externos. Até o final do ano, a equipe econômica imaginava o ingresso de uma avalanche de capitais externos (entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões). Mas a crise mexicana lançou um enorme ponto de interrogação sobre o montante de tais recursos, que só vai se dissolver se e quando o horizonte interno e externo estiver mais desanuviado. Texto Anterior: Como preparar a mudança cambial Próximo Texto: Aluguel não deve pressionar taxa de inflação Índice |
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