São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Governo mineiro tem 22 mil 'fantasmas'

AMAURY RIBEIRO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA EM BELO HORIZONTE

Um censo reservado do governo de Minas Gerais, a que a Agência Folha teve acesso, revela a existência no Estado de 22.043 funcionários "fantasmas" –servidores que recebem sem ir ao trabalho.
O governo mineiro gasta com esses servidores cerca de R$ 11 milhões por mês. O censo foi elaborado no ano passado pelo Instituto Estadual de Desenvolvimento de Recursos Humanos e pela Prodemge (Empresa de Processamento de Dados de Minas Gerais).
O censo acabou não sendo divulgado por revelar várias disfunções no governo estadual, que até hoje não foram eliminadas. O atual governo está revendo os dados.
O censo revelou, por exemplo, que 5.716 dos 348.870 funcionários ocupam mais de dois cargos públicos. São 5.578 servidores ocupando dois cargos, 132 funcionários exercendo três cargos e quatro funcionários ocupando três cargos. O censo identificou ainda um funcionário exercendo cinco cargos públicos.
Ainda de acordo com o censo, cerca de 8.000 funcionários com 1º grau incompleto ocupam cargos de nível técnico e superior.
Chega a 23.886 (8,30% do total) o número de funcionários ocupando cargos para os quais não preenchem os requisitos da escolaridade exigida.
O censo identificou ainda funcionários com idade inferior a 18 anos e com mais de 90 anos, o que é proibido pela legislação.
Segundo o censo, 75,3% (217.149 servidores) estão lotados na Secretaria da Educação; 21.585 (7,5%) na Secretaria de Saúde (7,5%); 10.005 (3,5%) na Secretaria da Segurança Pública e 38.347 (13,3%), nos demais órgãos.
O censo revelou ainda que 32,6% dos servidores (94.550 funcionários) estão concentrados em 49 municípios e 18,2% trabalham em Belo Horizonte (18,2%). O Estado possui 756 municípios.
Mas o censo identificou 103 funcionários trabalhando em outros Estados, o que também é proibido pela lei.
O censo revelou também que 60,7% (cerca de 175.060 servidores) não prestaram concurso público e que 35,72% (103.018 servidores) estão há mais de dez anos nos seus cargos. Ainda segundo o censo, 78,9% do servidores (227.633 funcionários) são do sexo feminino.
O censo foi concluído em março de 1993. A equipe que o elaborou sugeria a demissão dos "fantasmas", o que não ocorreu até hoje.

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