São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995 |
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Governo procura nome técnico para suceder Aristides Junqueira
MÁRCIA MARQUES
O governo quer um Ministério Público mais técnico e que ocupe menos espaço na imprensa. É dentro deste perfil que o presidente Fernando Henrique Cardoso deve procurar o sucessor de Aristides Junqueira. Junqueira, que foi reconduzido duas vezes ao cargo (pelos ex-presidentes Fernando Collor e Itamar Franco), deixa a função em junho, quando termina o seu mandato. O atual procurador-geral da República não tem chances de voltar a ocupar o cargo. Além de exercer a função de forma política, tem contra ele a absolvição do ex-presidente Fernando Collor de Mello pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A denúncia feita pela Procuradoria foi considerada falha e criticada por incluir provas que os ministros do Supremo julgaram ilegais. O substituto de Junqueira é escolhido diretamente pelo presidente da República entre os subprocuradores-gerais. Eles ocupam o último posto na carreira da Procuradoria. Nomes cotados Entre os cotados está Moacir Machado da Silva, atual vice-procurador-geral. Especialista em direito constitucional e de atuação discreta, tem contra ele o fato de ser considerado uma pessoa ligada a Junqueira. Arthur Castilho, que atuou como advogado da União quando a função era exercida pela Procuradoria, é outro nome citado. Castilho, no entanto, já disse que pretende se aposentar. Também está cotado o subprocurador José Arnaldo Fonseca, o mais velho do grupo. Ele atuou no extinto Tribunal Federal de Recursos e hoje é ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que sucedeu aquele tribunal. José Arnaldo é especialista em direito civil e penal e é considerado um juiz técnico. Parentes distantes Outro possível sucessor de Junqueira é o ex-vice-procurador-geral eleitoral Geraldo Brindeiro. Um dos mais novos subprocuradores, é formado em direito constitucional e direito público. Contra Brindeiro pesa o fato de ser parente, ainda que distante, do vice-presidente da República, Marco Maciel. Incluído nas listas de possíveis sucessores, o subprocurador Álvaro Augusto Ribeiro da Costa, ex-presidente da Associação de Procuradores, é visto como um "xiita" (radical) entre seus pares. Costa é responsável exatamente pelo setor que mais preocupa o governo, os chamados assuntos difusos. Nestes assuntos entram temas como defesa do consumidor e das minorias em geral. Atualmente ele prepara um processo contra o governo na área da saúde –com base em denúncias públicas, a Procuradoria pode responsabilizar o governo pelo caos no setor de saúde. Se estivesse entre os mais cotados, Costa teria o inconveniente de ser parente, também distante, do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). Texto Anterior: Quatro nomes constituem os ouvidos de FHC Próximo Texto: Poderes devem ser reduzidos Índice |
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