São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corinthians e São Paulo não são os mesmos

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Hoje tem Corinthians e São Paulo. Não importa se é pela Copa São Paulo de Juniores, pingue-pongue, cuspe à distância ou par ou ímpar, sempre é Corinthians e São Paulo. Vale a camisa. Tanto que ambos chegaram às semifinais do torneio impulsionados basicamente pela força da tradição de suas camisas.
O tricolor que vi atuando no torneio longe está daquele time do Murici que encantou a todos na temporada passada, mesmo perdendo o título, na decisão com o Guarani. Poucos restaram daquela equipe ágil, criativa, envolvente e agressiva. Quase todos estavam no final do ano levantando a Copa Conmebol, como se fosse o time titular. De novidade mesmo, apenas o goleador Dodô, pois Denílson já havia sido revelado antes.
Quanto ao Corinthians, idem, com batatas. Aliás, com agravante, pois suas duas maiores estrelas –Fabinho e Hermes– foram promessas que não se cumpriram. Eles formaram com Marques um trio deslumbrante há dois anos, mas apenas o atacante vingou nos titulares.
E a Copa SP, basicamente, é isso: uma passarela por onde desfilam os futuros craques do futebol. Poderia aqui, de estalo, montar uma seleção de jovens revelados por esse torneio nas últimas duas décadas de fazer inveja. Vejamos: Carlos; Cafu, Oscar, Edinho e Leonardo; Dunga, Falcão, Enéas e Zico; Dener e Reinaldo.
Já, neste ano, até agora, nenhum jogador chegou a chamar a atenção especialmente. Tudo indica que o êxodo de craques brasileiros para o exterior chegou a tal velocidade e tamanha quantidade, que a mina está se esgotando. Já não produz tantos talentos de reposição.
Ou trata-se de uma fase, quem sabe?
O fato é que, nesta Copa SP, garimpa-se um jovem promissor aqui, outro ali, e olhe lá. Por exemplo: esse meia-esquerda do Nacional, Cesinha, expulso no finalzinho do jogo de sexta-feira contra o Corinthians. Bom jogador, nada excepcional. É pouco.

Por falar no Nacional, um dado curioso. Quando de seu tempo de Primeira Divisão, ao lado dos grandes de São Paulo, desde que se denominava SPR (São Paulo Raywail), o Nacional não passava de um saco de pancadas. A cada domingo que cruzasse com Corinthians, Palmeiras ou São Paulo, enchia um daqueles vagões de carga de gols tomados por atacado. Cinco a zero era um placar normal e pouco vexatório. Ao contrário de seus irmãos de infortúnio, como Juventus, Ipiranga, Jabaquara, Portuguesa Santista e Comercial, por exemplo, raramente revelava grandes jogadores. Porém, desde quando caiu para as divisões inferiores, esse Nacional vem mantendo uma incrível regularidade nas disputas da Copa SP, que já levantou por duas vezes. Está sempre lá, embora continue não revelando grandes jogadores. O único que ganhou certa celebridade foi um menino chamado Mil, lembram-se? Naufragou na súbita fama, logo em seguida. Parece sina.

Texto Anterior: Silvinho já quer vaga no principal
Próximo Texto: São Paulo promete bloqueio sistemático
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.