São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Cartão de crédito fatura US$ 10,3 bi em 94

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

As administradoras de cartões de crédito faturaram US$ 10,3 bilhões no ano passado, registrando crescimento de 61,99% sobre o movimento de 1993. Ao final de 1994, 10,7 milhões de cartões (chamados também de "dinheiro de plástico") estavam em circulação no país, representando evolução de 26,91%.
Segundo Nilton Volpi, presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o crescimento no número de cartões em 94 foi o maior da história do setor.
Volpi atribui a expansão no uso e na quantidade à queda da inflação após o Plano Real. Ela fez com que os comerciantes passassem a aceitar os cartões como substitutos dos cheques e mesmo do dinheiro.
Neste mês de janeiro, o faturamento dos cartões está sendo em média três vezes maior do que o do mesmo período de 94, diz.
A valorização do real em relação às moedas estrangeiras aumentou também as viagens ao exterior e há uma substituição gradual dos cheques de viagem pelos cartões.
As compras no exterior com cartão movimentaram US$ 1,7 bilhão em 1994, com evolução de 144,34% em relação a 1993.
Luis Acosta Acosta, gerente-geral do sistema Visa, diz que o sistema atingiu vendas recordes no último trimestre de 1994: US$ 1,7 bilhão, contra US$ 384 milhões no mesmo período de 1993.
O cartão Bradesco Visa registrou um faturamento de US$ 1,997 bilhão em 1994, com crescimento de 93,6% sobre o ano anterior, diz Márcio Santos Souza, diretor da administradora Bradesco Visa.
O número de cartões Bradesco chegou a 1,54 milhão ao final de 94, 14% a mais do que em 93. O Bradesco liderou o crescimento no ano passado do segmento de cartões de afinidade (com 98 lançamentos).
Santos Souza diz que o total brasileiro de 10,7 milhões de cartões de crédito é "ainda pouco representativo" para um mercado potencial de 20 milhões.
Os cartões de lançamento mais recente como os do Banco Panamericano, do grupo Silvio Santos, também apresentaram crescimento no faturamento.
Valdivo José Begalli, gerente-geral de varejo do Banco Panamericano, diz que houve um aumento de 270% no faturamento em dólares com o cartão Panamericano, mesmo com uma política deliberada de restringir em 40 mil o número de usuários a partir do segundo semestre de 1994.
Reginaldo Zero, vice-presidente da administradora do cartão Sollo, diz que o crescimento no uso dos cartões de crédito após o Plano Real mostra que eles não são instrumentos para driblar a inflação, mas sim substitutos adequados para o dinheiro ou cheque.
Houve um aumento de 340% no faturamento em dólar do cartão Sollo no segundo semestre de 1994 em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Os cartões de crédito tiveram baixo faturamento no primeiro trimestre do ano passado, pois os lojistas davam descontos da ordem de 30% a 40% para quem pagasse as compras com cheque ou dinheiro, diz Reginaldo Zero.
A partir do Plano Real, as companhias aéreas também passaram a aceitar os cartões no pagamento das passagens. O uso dos cartões Sollo a partir do segundo semestre de 94 foi assim distribuído: 60% em lojas, 30% em restaurantes e hotéis e 10% no pagamento das companhias aéreas.
Gil Moro, diretor de marketing do American Express, diz que o faturamento do segundo semestre foi 200% superior ao do primeiro semestre de 1994. Em termos anuais, o faturamento foi 80% maior em 1994 do que do ano anterior. O uso dos cartões em novembro e dezembro dobraram em relação ao primeiro semestre.
O Credicard encerrou 1994 com um total de 5 milhões de cartões emitidos, com crescimento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior. O uso do cartão em transações internacionais teve acréscimo no ano de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior. O valor médio do gasto continuou estável (em média de US$ 170), sendo os principais destinos (os Estados Unidos, Europa e Argentina).

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