São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Brasileiras desconhecem adversários no Mundial

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A desinformação é um dos principais adversários da seleção brasileira de futebol feminino no Mundial da Suécia, em julho.
O técnico da seleção brasileira, Ademar Júnior, 31, admite que desconhece a preparação que vem sendo feita pelos futuros adversários.
"É difícil conhecer detalhes sobre as outras seleções pela imprensa", afirma.
"E a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não tem 'olheiros' para acompanhar as equipes femininas no exterior".
No Sul-Americano que acabou sábado, em Uberlândia (MG), as brasileiras mostraram o melhor futebol da América do Sul, mas as equipes mais fortes do mundo são as européias e os EUA.
O Brasil experimentou a força dessas seleções no Mundial passado, em 1991, na China, ficando na nona posição.
As brasileiras estrearam contra o Japão e venceram por 1 a 0. A zagueira Elane marcou o único gol do jogo e o único do Brasil na competição.
Depois vieram duas derrotas. A primeira, para as norte-americanas, por 5 a 0, e a segunda, para as suecas, por 2 a 0.
Os dois resultados eliminaram o Brasil.
Os Estados Unidos iniciaram, no mesmo grupo das brasileiras, a caminhada ao título –na final derrotaram a Noruega por 2 a 1.
Os EUA também fizeram a artilheira do campeonato: a meia-esquerda Michelle Acers-Stahl, com nove gols.
A fase inicial do campeonato teve três grupos.
No Grupo 1, estavam as seleções da China, Noruega, Dinamarca e Nova Zelândia.
O Grupo 2 era formado por Japão, Brasil, Suécia e Estados Unidos.
O Grupo 3 tinha as equipes nacionais de Taiwan, Itália, Alemanha e Nigéria.
Ou seja, cinco seleção européias, três asiáticas, duas da América e uma da Oceania e da África.
Para o Mundial deste ano, além das norte-americanas, já classificadas para o Mundial deste ano, as principais adversários do Brasil serão as seleções da península escandinava (Suécia, Noruega e Finlândia).
Alemanha, Portugal e Itália também têm seleções competitivas.
No Mundial, o Brasil também terá que enfrentar a falta de estrutura do futebol feminino no país. Seus principais adversários têm campeonatos femininos nacionais, o que não acontece aqui.
Nos EUA, há uma liga universitária com já dez temporadas de existência. A Universidade da Carolina do Norte foi campeã oito vezes e forma a base da seleção nacional.
A Itália tem um campeonato chamado Diletante para mulheres. Times como Milan, Torino, Juventus, Verona possuem equipes femininas.
Na Alemanha, há mais de 4.000 jogadoras federadas.
A Copa do Mundo ganha ainda mais importância porque funcionará também como uma espécie de pré-olímpico.
As seis primeiras colocadas na Suécia ganham vaga na Olimpíada de Atlanta, em 1996.

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